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Alonso na pista com a Renault: começou o mundial de 2021

Bicampeão da F1 andou em Barcelona com o carro da equipe Renault, a mesma pela qual conquistou o bi em 2005 e 2006 e onde estará em 2021

13 out 2020 - 21h17
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Fernando Alonso durante as filmagens: um grande campeão est´[a de volta ao grid.
Fernando Alonso durante as filmagens: um grande campeão est´[a de volta ao grid.
Foto: Renault F1 Team / Divulgação

Hoje, terça-feira, 13 de outubro, começou o campeonato mundial de Fórmula 1 de 2021. Foi no circuito de Barcelona, onde o bicampeão Fernando Alonso travou contato com o carro deste ano da Renault. Foi apenas um primeiro contato, mas extremamente importante. Alonso se despediu da Fórmula 1 em 2018, o último de seus três malfadados anos na equipe McLaren. Na ocasião, a equipe inglesa já não era a potência dos tempos em que era dirigida com mão de ferro por Ron Dennis. Em grande parte, devido ao decepcionante desempenho dos motores Honda.

De lá para cá, o espanhol, que se sagrou campeão da Fórmula 1 em 2005 e 2006 com a mesma equipe Renault com que hoje voltou à categoria, conquistou o título de campeão mundial de endurance e venceu por duas vezes a tradicionalíssima 24 Horas de Le Mans – mas ficou longe de se tornar o segundo piloto da história a conquistar a Tríplice Coroa, privilégio do britânico Graham Hill, o único piloto a se sagrar campeão da Fórmula 1, vencer o Grande Prêmio de Mônaco, as 500 Milhas de Indianapolis e as 24 Horas de Le Mans.

Alonso pilota o carro da Renault em Barcelona: em 2021, será no carro da Alpine.
Alonso pilota o carro da Renault em Barcelona: em 2021, será no carro da Alpine.
Foto: Renault F1 Team / Divulgação

Em Mônaco, Alonso venceu em 2006 e 2007; em Le Mans, em 2018 e 2019 - mas em Indianapolis fracassou redondamente. A primeira tentativa foi em 2017, quando ainda corria pela McLaren na Fórmula 1. Competiu com um Dallara-Honda da equipe Andretti, a quem a McLaren se associou para tentar melhorar a imagem da montadora japonesa, seriamente arranhada pelas quebras e pelo baixo rendimento de seus motores na Fórmula 1.  Contando com uma boa estrutura, o espanhol chegou a brilhar. Foi o quinto mais rápido entre os 33 pilotos do grid, superando as colossais diferenças que separam os circuitos ovais norte-americanos das pistas sinuosas da Fórmula 1. Chegou a liderar a corrida, mas foi traído pelo motor depois de cumprir 179 das 200 voltas.

Mas na segunda, em 2019, esteve longe de um desempenho coerente com seu currículo, o que já era previsível. O fracasso começou pela escolha da equipe. Correndo pela Toyota no Mundial de Endurance, ele teve seu nome vetado pela Honda. A situação se mostrou complicada ao se constatar que não havia vaga na Penske e na Carpenter, as duas melhores representantes da Chevrolet, a única adversária da Honda na Indy. Para a McLaren, a solução foi se associar à equipe inglesa Carlin. Foi literalmente um desastre. Depois de bater forte em um treino livre, Alonso não conseguiu se classificar entre os 33 pilotos que compõem o grid e ficou fora da corrida.

Fernando Alonso de volta à Renault: mundial de 2021 começou hoje em Barcelona.
Fernando Alonso de volta à Renault: mundial de 2021 começou hoje em Barcelona.
Foto: Renault F1 Team / Divulgação

Mesmo assim, ele nunca escondeu que não conseguia tirar Indianapolis da cabeça. De volta neste ano, desta vez com a equipe formada pela McLaren em associação com a escuderia local Schmidt-Peterson, que tem como líder o experiente Gil de Ferran, Alonso reunia melhores condições. Mas não teve o sucesso sonhado. A falta do motor Honda, mais uma vez predominante, e mais um acidente nos treinos livres o relegaram ao 26º posto no grid. Na corrida, um problema na embreagem tornou ainda mais decepcionante um desempenho que já não era bom.

Sob contrato de exclusividade para defender a Renault na Fórmula 1 até 2022, ele só poderá retomar o sonho de se igualar ao britânico Graham Hill, o único detentor da Tríplice Coroa, em 2023, quando já terá 41 anos. Como será o Fernando Alonso de então? Esta é uma pergunta que começa a ser respondida hoje. O teste de Barcelona não é indicativo – trata-se do que as regras definem como “dia de filmagem”. Neles, podem ser usados os carros atuais, mas aos pilotos são permitidos rodar apenas 100 quilômetros. É apenas uma oportunidade para um reencontro entre o homem e a máquina. É muito pouco para que qualquer piloto, mesmo um bicampeão, tire algum benefício. A equipe, porém, tem a chance de ver quem é esse Alonso que volta a integrá-la. A capacidade de trabalho e a determinação de extrair sempre o melhor dos carros, dos engenheiros e de todos membros da equipe ele já mostrou que continuam intactos nos primeiros dias desse retorno.

Como reagirá o piloto espanhol dentro do cockpit (e fora dele) quando não ganhar corridas?
Como reagirá o piloto espanhol dentro do cockpit (e fora dele) quando não ganhar corridas?
Foto: Renault F1 Team / Divulgação

Mesmo antes de assinar o novo contrato, o espanhol se empenhou em longas conversas com o diretor técnico da Renault, o experiente inglês Pat Fry. Trabalhou dias a fio no simulador, esteve frequentemente em reunião com o corpo técnico, deu palpites, escutou análises. O que ainda resta ver é seu comportamento como piloto. Do que pode fazer nas pistas não há dúvidas. Hoje mais experiente, com passagens por diferentes disciplinas (aí incluído o meritoso 13º lugar na estreia no off-road Dakar), espera-se ver um piloto ainda mais completo. O que desperta temores é o temperamento espinhoso. Aos 39 anos, Alonso ainda não se mostrou capaz de dominar as palavras quando o desempenho do equipamento não corresponde ao que ele espera. Falha que lhe custou o veto da Honda e o consequente fracasso em Indianapolis. 

A Renault tem mostrado sinais claros de evolução – como se pôde ver com o terceiro lugar de Daniel Ricciardo no recente Grande Prêmio de Eifel, no domingo passado em Nurburgring. Mas ainda vai demorar alguns bons anos até se incluir entre as grandes forças da Fórmula 1. Muitas vezes se ouviu de Alonso que sua saída da categoria máxima se deveu à impossibilidade de lutar por vitórias. E só nessa condição analisaria um eventual retorno.

Fernando Alonso foi bicampeão do mundo com a Renault em 2005 e 2006.
Fernando Alonso foi bicampeão do mundo com a Renault em 2005 e 2006.
Foto: Zach Catanzareti / Divulgação

Hoje, ao descer do carro, ele mostrou alguma humildade. Reconheceu que esteve longe do limite e que se reacostumar com a velocidade de um Fórmula 1 exige mais do que meros 100 quilômetros. Em causa própria, disse também que o Renault RS 20 é absolutamente diferente dos carros que tem dirigido nos últimos tempos. Disse também que melhorou seu entendimento com a máquina a cada volta e que seu principal objetivo era dar as melhores informações possíveis aos engenheiros. Que o carro vem progredindo dia a dia, mas ainda há espaço para evoluir mais.

Alonso estará de volta no grid da primeira etapa do Mundial de 2021 ao volante de um Renault. Provavelmente, Alonso será o mesmo piloto determinado e combativo que venceu dois campeonatos de Fórmula 1. Mas será também o mesmo Alonso que deixou a categoria no final de 2018 se dizendo desinteressado em correr sem condições de vencer. Resta ver qual será sua reação ao constatar que seu novo carro não lhe possibilitará lutar pela vitória tão cedo.

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