PUBLICIDADE

Parabólica

A bizarra estratégia da Ferrari no GP da Austrália de 1988

Berger liderava a corrida até a volta 25, passando pelos carros da McLaren, imbatíveis à época, quando bateu e abandonou

5 abr 2022 - 10h46
Compartilhar
Exibir comentários
Berger durante a temporda de 1988
Berger durante a temporda de 1988
Foto: F1 / Twitter

O ano de 1988 foi marcado por um amplo domínio da McLaren, com seu modelo MP4/4, tendo dois dos melhores pilotos da história da categoria: Ayrton Senna e Alain Prost. A equipe tinha vencido 14 das 15 etapas até então, sendo que a única vitória que não foi da equipe britânica, com o próprio Berger, tinha sido no GP da Itália, após Senna bater faltando duas voltas.

A Ferrari era a segunda força naquele ano, mas nunca ameaçou a grande equipe da época, além de Berger, a equipe também contava com Michele Alboreto. O campeonato tinha se decidido no GP do Japão, com Senna sendo campeão em cima de Prost, de modo que a corrida na Austrália, que acontecia na época em Adelaide, não valia muita coisa

Na qualificação, Senna e Prost nadaram de braçada, colocando 1s679 em cima de Nigel Mansell, da Williams, que tinha ficado no terceiro posto. Berger foi o quarto, com 1s769 de desvantagem. Alboreto só ficou em 10°. Na largada, Berger pulou para o 3° lugar, enquanto Senna perdeu a liderança para Alain Prost. O brasileiro sofreu com problemas de câmbio desde o início da prova.

Vendo esse começo, era de se imaginar que Prost iria abrir bastante, mas isso não aconteceu. Berger partiu para cima de Senna e já estava em 2° lugar na volta 3. Passando 5s557 atrás do francês, mas a diferença foi caindo volta a volta. Na volta 14, o austriaco chegou e passou sem nenhuma resistência, assumiu a liderança e abrindo ainda mais. A diferença já estava em 4s270 na volta 25.

Mas na volta 26, Berger aparentemente foi muito otimista ao tentar ultrapassar um retardatário, René Arnoux, da Ligier, conhecido por ser um grande problema quando era para tomar uma volta. Berger abandonou e assim acabou a passagem da Ferrari pelo GP, mas muitas questões ficaram no ar.

Como um carro que nunca tinha ameaçado a McLaren em nenhuma etapa, por mais que Berger tenha liderado o GP de Grã-Bretanha, mas em circunstâncias especiais, conseguiu um desempenho superior? A história fica ainda mais estranha ao se descobrir que Berger comentou com Prost no café da manhã, que iria ultrapassá-lo, mas que ele não precisava se preocupar, talvez por isso o francês não teve resistência?

A verdade é que a Ferrari não tinha todo esse ritmo, a equipe enfrentavam problemas para acertar o carro, estava com consumo muito alto de combustível, para se completar a corrida, então os italianos teriam que correr muito lentamente, vendo esse cenário, a Ferrari resolveu ter alguns momentos de glória, do que acabar passando um vexame.

Para isso se aumentou a pressão do turbo ao máximo, sem se preocupar com o que aconteceria, obviamente os carros não teriam gasolina para terminar a prova, mas fazia parte do plano. A batida de Berger também é explicada, o próprio assumiu em seu livro, que sabendo do perfil de Arnoux, arriscou a manobra sabendo que provavelmente iria abandonar, que a culpa foi do próprio austriaco.

Ao final da prova, Prost venceu com Senna em segundo, o francês estava sofrendo com problemas mecânicos, mas nada que afetasse tanto quanto o problema de Senna, mesmo assim os dois conseguiram fazer a dobradinha e fechar com chave de ouro o melhor ano da história da McLaren na F1.

Parabólica
Compartilhar
Publicidade
Publicidade