Volkswagen Taos declara guerra ao Jeep Compass. Entenda
Volkswagen promove live com engenheiro, revela dados técnicos e equipamentos do Taos e vai brigar pelos consumidores de SUVs médios flex
O Volkswagen Taos está oficialmente em guerra contra o Jeep Compass. Líder disparado e sem concorrente direto desde que começou a ser produzido no Brasil, o Compass tem tempo para se preparar. O Taos chega ao mercado somente no segundo trimestre, mas vem recheado de itens técnicos que o tornam, desde já, um inimigo perigoso para o SUV médio mais vendido do Brasil.
A guerra foi declarada na manhã desta quarta-feira (26), por meio de uma live com um pequeno grupo de 10 jornalistas intitulada “Café com Loureiro”, no caso, o engenheiro José Loureiro, Gerente Executivo de Desenvolvimento do Veículo Completo. Na ocasião, a Volkswagen apresentou todos os dados técnicos do Taos e o comparou com um concorrente dos EUA. Em nenhum momento a Volks se referiu ao Jeep Compass, mas é óbvio que se trata dele.
O inédito Volkswagen Taos, que será fabricado na Argentina, será maior, mais espaçoso, mais rápido, mais econômico e mais estradeiro do que o Jeep Compass. Com 4,461 m de comprimento, o Taos terá 6,7 cm a mais que o Compass, será 2,2 cm mais largo (2,680 m) e terá 4,4 cm a mais na distância entre-eixos (2,680 m). Na altura, o Taos perde por 0,7 cm, mas dá um banho no porta-malas com 88 litros a mais (498 contra 410).
O Taos, entretanto, perde quando se trata dos ângulos de entrada (19° contra 21,7°), de saída (26,3° contra 30,8°) e de transposição de rampa (20,1° contra 21,8°). Mesmo assim, o Taos é aprovado em todos os atributos que o Inmetro considera necessários para classificar um carro como SUV. O Taos tem ainda uma ínfima vantagem no balanço dianteiro (apenas 0,5 cm a menos entre o centro da roda e o começo do carro), o que o deixa, no mínimo, tão versátil quanto o Compass para atravessar algumas valetas.
Não se pode ter tudo em um carro. Quando os engenheiros optam por valorizar uma característica, prejudicam a outra. É por isso que o Taos tem o balanço traseiro maior (2,8 cm), pois a Volkswagen preferiu valorizar a capacidade do porta-malas, o que torna o carro menos versátil do que o Compass no ângulo de saída. Quanto à distância mínima do solo, o Volkswagen Taos tem 18,5 cm sob o eixo dianteiro, 20,6 cm sob o eixo traseiro e 24,6 cm entre os eixos. Nesse caso, a comparação tem que ser feita com cada versão do Compass e nas mesmas condições -- por isso, Loureiro evitou comparações.
Apesar de ter sido criticado por ter menos potência do que o motor 1.5 oferecido pela Volkswagen nos EUA, o motor do Taos para os mercados do Brasil e da Argentina será um trunfo do carro. O motor 1.4 TSI (turbo com injeção direta de combustível) tem 150 cv (5.000 rpm) e 250 Nm de torque (a partir de 1.500 rpm), tanto com gasolina quanto com etanol. Ganha fácil a guerra de consumo e de aceleração com o atual motor 2.0 flex do Compass (9,3 segundos contra 10,6).
O Jeep Compass 2.0 aspirado flex tem 159/166 cv (g/e) em altas 6.200 rpm e 195/201 Nm a 4.000 rpm (também um regime alto, comparado com o motor do Taos 1.4). Mas aqui a Jeep vai dar o troco quando o Compass passar a ser equipado com o novo motor 1.3 turbo que será fabricado ainda este ano em Betim (MG). Para a Volks, quanto mais esse motor demorar para chegar, melhor para o Taos, que está entrando no mercado. Segundo José Loureiro, 25% do consumo de um carro está relacionado com o peso e o Taos terá 136 kg a menos do que o rival americano fabricado em Goiana (PE).
Pelo menos por enquanto, a relação peso/torque do Taos será francamente superior ao do Compass: 5,7 kg/Nm para o Taos contra 7,7 kg/Nm do Compass Limited. Na prática, quanto menor a relação peso/torque, mais agilidade o carro tem nas reacelerações em baixas velocidades, especialmente no trânsito urbano. O Volkswagen Taos pesa 1.420 kg, mas não sabemos em qual versão (aliás, as versões não foram reveladas). Sua relação peso potência será de 9,5 kg/cv contra 9,3 kg/cv do Compass Limited.
O câmbio do Taos será automático de 6 marchas, com trocas sequenciais pela alavanca e pelas aletas atrás do volante. O motorista poderá optar por conduzir nos modos Eco, Normal, Sport ou Individual. Cada modo de condução tem diferentes parâmetros para a direção (elétrica), motor/câmbio, ar-condicionado, ACC (piloto automático adaptativo) e até das luzes de ambiente, que podem ser azul clara, azul escura, vermelha ou a última cor configurada.
O Taos terá muitas novidades eletrônicas em conectividade e segurança. A multimídia VW Play terá novos Apps, além dos que já estão disponíveis no modelo Nivus. Em termos de segurança, o inédito SUV da Volkswagen contará com piloto automático adaptativo com função stop and go, frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, frenagem automática em manobras de estacionamento, alerta de tráfego cruzado, freios pós-colisão para evitar batidas sequenciais, monitoramento da pressão dos pneus (mas sem indicar a pressão) e detector de fadiga, que memoriza o estilo de condução do motorista e alerta se sentir que algo está diferente.
Assim como o Jeep Compass, as suspensões do Volkswagen Taos serão MacPherson na dianteira e multilink na traseira. O carro terá barras estabilizadoras com diâmetro de 25,4 mm na dianteira e 21,7 mm na traseira. Os freios serão a disco nas quatro rodas, que terão aro 18, cinco furos e usarão pneus 215/55.
Tudo isso será suficiente para tirar a liderança do Jeep Compass? Depende. Bonito, o Taos realmente será, inclusive trazendo um inédito filete de LED na grade dianteira que o deixará com uma identidade marcante. Mas o novo SUV-C (médio) da Volks não contará com motor a diesel. Nesse caso, o Compass deixa de brigar em uma fatia que representa 45% das vendas do Compass, segundo a Stellantis.
Este “Café com Loureiro” teve muitas informações importantes e deixou claro que a Volkswagen está disposta a vencer pelo menos a batalha dos SUV-C flex. Conseguirá? Estamos falando de um volume de 31,2 mil carros vendidos pelo Compass Flex em 2020. Em dezembro, a dupla Volkswagen T-Cross/Nivus vendeu 11,5 mil unidades contra 14,9 mil da dupla Jeep Renegade/Compass. Para empatar esse jogo, o Taos precisaria vender 3,4 mil unidades/mês, o que daria um total anual de 40,8 mil.
Parece muito como meta para os primeiros 12 meses completos, se considerarmos que o Compass Flex, mesmo sem rivais, vende uma média de 2,6 carros/mês. A Jeep tem uma estratégia muito forte nas vendas diretas e a Volkswagen também -- prova disso é que conseguiu vender 3.000 Voyage num mês. Vai depender da estratégia da Volks na questão do preço. Qualidades técnicas, aparentemente, o Taos vai ter.