Volkswagen erra no motor do Taos; Compass parece imbatível
Briga de SUVs médios vai se acirrar com Taos e Corolla Cross; VW precisa trazer mais do que conectividade e pacote eletrônico de segurança
A Volkswagen errou na escolha do motor do Taos, futuro SUV médio da marca que será produzido na Argentina e vendido no Brasil. Ao contrário do que vai acontecer no México e nos EUA, onde um novo motor 1.5 TSI equipará o Taos, na América do Sul o motor será o 1.4 TSI -- o mesmo que equipa o T-Cross. Pode ser uma decisão justificada em termos de custos industriais, mas tira desde já grande parte do poder de fogo do Volkswagen Taos.
Já dissemos em outras análises que motor não é tudo num carro. Não mesmo. Mas, dependendo do segmento em que ele atua, o motor é importantíssimo. No caso do Volkswagen Taos, estamos falando de um carro que vai entrar num segmento que tem um líder até agora imbatível: o Jeep Compass. Se não fosse pouco, o Taos chegará ao mercado um pouco depois do novíssimo Toyota Corolla Cross, que será fabricado em Sorocaba (SP). Os dois (Compass e Corolla Cross) terão motores mais potentes e modernos do que o Taos.
O Volkswagen Taos fabricado no México e que será vendido nos EUA terá não apenas um motor mais potente, mas também transmissões mais adequadas à proposta do carro -- que é mais estradeira do que off-road. No Brasil e na Argentina, o Taos será vendido com motor 1.4 turbo de 150 cv de potência e 250 Nm de torque. No México e nos EUA, o Taos terá motor 1.5 de 160 cv (o torque não foi divulgado, mas deve ser de 250 Nm). Mais do que isso: na América do Sul, câmbio automático de seis marchas e tração 4x2; na América do Norte, câmbio automático de oito marchas com tração 4x2 e automatizado de sete marchas com dupla embreagem para as versões com tração 4x4.
A diferença é clara. Nos EUA, a Volkswagen está disposta a roubar clientes do Jeep Compass; no Brasil, nem tanto. Afinal, como é hoje, o Compass já tem câmbio automático de seis marchas para as versões 4x2 (com motor de 166 cv) e de nove marchas para as versões a 4x4 (diesel com 170 cv). Os dois motores são 2.0. Porém, já em 2021 o Jeep Compass passará a ser equipado com o novo motor 1.3 turbo da FCA, que deve ter uns 180 cv de potência. O motor 1.3 turbo da FCA entregará mais potência e mais economia, deixando o carro mais agradável de dirigir. Espera-se evolução também na conectividade do Jeep, pois ele passará por seu primeiro face-lift. Aí sim, o Taos será fortíssimo e o Corolla Cross virá bem abaixo.
O motor 1.5 TSI da Volkswagen dar conta de um carro mais pesado do que o T-Cross. É preciso considerar no tabuleiro de xadrez dos SUVs médios o papel que terá o Corolla Cross, pois pode ser inovador. Espera-se que ele venha com o motor 2.0 de 177 cv. Mas é quase certo também que o Corolla Cross terá uma versão híbrida (como o sedã). Na Tailândia, o Toyota Corolla Cross chegou não com uma, mas com três versões híbridas. O sucesso comercial do Corolla Hybrid sedã mostra que o público brasileiro está totalmente aberto para comprar carros híbridos. É uma inovação importante para o segmento; nem a Volks nem a Jeep estão em condições de competir com a Toyota em termos de carros híbridos.
Da mesma forma que o mercado esperava muito da Ford e se decepcionou um pouco com a mecânica (e o preço) do Territory (motor 1.5 turbo de 150 cv), o Taos corre sério risco de ser considerado “manco” pela parcela mais exigente dos consumidores. Uma coisa é brigar no segmento de carros compactos, no qual o poder aquisitivo dos clientes é limitado; outra é brigar no segmento de carros médios, com clientes mais abonados e, portanto, mais exigentes. De qualquer forma, durante a apresentação do Taos na Argentina, Martín Massimino, diretor comercial da Volkswagen, deixou escapar que o Taos terá “novos motores”, ou seja, mais de um. Só não disse onde.
