Ford fará nova picape. Ela pode competir com a Fiat Toro

Desde 2013, quando encerrou a produção da picape Courier, a Ford sonha com um novo modelo para brigar com as picapes compactas. Porém, devido à estratégia global da montadora, o Brasil perdeu a regalia de desenvolver um novo produto exclusivo para seu mercado. Mas agora o sonho fordiano de ocupar um nicho inferior ao da Ranger no mercado de picapes finalmente tem chances de avançar. E o nome da picape deve ser o mesmo de antes: Courier.

Recentemente uma nova picape compacta da Ford foi fotografada com disfarces nos EUA. Trata-se do Projeto 758, que está em fase avançada de desenvolvimento. O objetivo da Ford é colocar um modelo abaixo da Ranger, que cresceu demais. Mesmo para o exigente mercado americano, a Ford acredita que haja espaço para uma picape mais compacta, do tamanho da Fiat Toro -- aliás, essa foi uma aposta que a FCA não comprou, apesar da força da marca Dodge nos EUA. Um efeito previsto com a chegada da nova Ford Courier é a estreia de uma Dodge Toro para lhe fazer concorrência. A Ford espera vender 100.000 picapes do Projeto 758 por ano.

A nova picape compacta da Ford custará menos de US$ 20 mil nos EUA. Pelo que já foi publicado pelo jornal Automotive News, especializado na cobertura da indústria automobilística americana, a futura Ford Courier terá carroceria monobloco, como a Fiat Toro. Essa é a uma configuração que, por enquanto, só a Toro e a Renault Oroch utilizam. A Ranger, como as demais picapes médias e grandes, utiliza carroceria sobre chassi (que torna a dirigibilidade mais parecida com a de um caminhão (por isso são chamadas de small trucks, ou caminhonetes). 

Até mesmo um encontro com revendedores Ford dos EUA já foi realizado para que conhecessem o Projeto 758. A futura Ford Courier será fabricada em Hermosillo, no México, onde atualmente são montados o Ford Fusion e Lincoln MKZ para o mercado norte-americano. Por ser produzida no México, país com o qual o Brasil tem livre comércio, a anti-Toro certamente estará nos planos da Ford brasileira. Porém, mesmo sendo importada sem alíquotas especiais, ela não teria condições de brigar pela liderança do mercado com a Toro, que vende mais de 60 mil unidades/ano. Para isso, seria necessária sua produção na Argentina, na mesma fábrica onde é feita a Toro, ou mesmo no Brasil. 

A Courier foi produzida de 1996 a 2013 e era baseada no Ford Fiesta. Ela podia transportar 1.030 litros de carga na caçamba e media 4,457 m de comprimento. A capacidade de carga era de 700 kg. Antes dela, porém, a Ford produziu a picape Pampa, entre 1982 e 1997. Ela era baseada no Corcel II e tinha fama de ser robusta. Inclusive contava com tração 4x4. Mas a tradição da Ford precede até a Pampa, pois ela também produzia as picapes Williys, que usava a mesma carroceria do Jeep Willys.

O movimento da Ford não é comentado pela sucursal brasileira, mas até o nome Courier já foi registrado nos EUA. Assim, o panorama futuro do mercado de picapes no Brasil fica ainda mais interessante. Além da nova Fiat Strada, que estreia no início de abril, estão previstas também uma picape compacta da Volkswagen (projeto Tarok) e a nova Peugeot Landtrek (porém na categoria das médias, com motor a diesel). Nos EUA, o Projeto 758 deverá movimentar o mercado porque a Ford Ranger de entrada custa R$ 24.410. Muitos consumidores sentem saudades da Ranger de segunda geração (a que estreou no Brasil), pois era mais compacta, mais barata e mais prática. É aí que entra a nova Courier.