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EUA: aposta de Biden no carro elétrico significa muito

Presidente Joe Biden quer gastar cerca de US$ 174 bilhões (R$ 920 bilhões) em um programa de incentivos à eletrificação

20 mai 2021 - 13h04
(atualizado às 13h19)
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Joe Biden e seu Chevrolet Corvette 1967: mudança de paradigma automotivo.
Joe Biden e seu Chevrolet Corvette 1967: mudança de paradigma automotivo.
Foto: Divulgação

Parecia uma daquelas pautas típicas de cobertura política. Aparentemente, não importa o país ou regime de governo, a liturgia acaba por seguir um padrão. Não importa se é a inauguração de uma megaobra ou uma bica d’água, mandatário sempre dá notícia. Entretanto, a visita do Presidente Joe Biden à fábrica da Ford nesta semana deu uma visão de como o automóvel tem uma importância tremenda em diversos aspectos.

Um gaiato declarou tempos atrás que o americano típico era formado em três partes: cabeça, tronco e rodas. Se o automóvel tomou uma importância tremenda em nossa vida, podemos dizer que estes são os principais culpados. E mesmo com toda a transformação que vem se cumprindo através da revolução da internet e a conectividade uber alles, o automóvel pode ser um dos elementos transformadores dos EUA pensados pela administração Biden em diversos aspectos.

O aspecto principal é fazer um forte aceno que as fabricantes americanas embarquem com força na onda dos carros elétricos. Não que antes não houvesse políticas neste sentido. Mas Biden quer gastar cerca de US$ 174 bilhões (R$ 920 bilhões) em um programa de incentivos à eletrificação.

Não é simplesmente seguir na linha de simplesmente subsidiar os carros elétricos como tem sido feito até aqui. Mas sim fazer a eletrificação da frota como um catalisador de desenvolvimento em diversos campos.

No meio ambiente, é reduzir drasticamente a emissão de gás carbônico da frota americana e a dependência de carbono. Neste aspecto, ainda tem a “limpeza” das fontes energéticas, com investimento em energias alternativas e desativação de fontes “sujas” como o carvão.

Joe Biden em visita à Ford: carro impulsiona a economia.
Joe Biden em visita à Ford: carro impulsiona a economia.
Foto: Divulgação

No campo econômico, este plano estaria em parte coberto por um programa pesado em infra-estrutura estimado em US$ 2 trilhões (já vem em gestação desde fins do Governo Obama, passou por Trump e agora tenta ser destravado por Biden). Isto envolveria a criação em conjunto com a iniciativa provada de uma rede de recarga por todo o país, além de reforma de estradas e viadutos (já diria aquele antigo governante tupiniquim, “governar é abrir estradas”).

Ainda na economia, a intenção é criar novos empregos com esta nova abordagem, não só nas fábricas, mas em toda a cadeia produtiva. Sem contar o investimento nas marcas americanas, que perdem terreno nas últimas décadas e correm o risco de ir para a irrelevância. Esta foi a tônica na convocação de Biden. Afinal de contas, não é só uma questão de representatividade econômica. O anúncio em Detroit não deixa de ser simbólico, já que a cidade teve seu ápice por conta da indústria automobilística e hoje ainda tenta se reinventar após um esvaziamento nas décadas de 80 e 90.

Além disso, é uma tentativa de recuperar a posição americana no campo ambiental como também automobilístico. Os chineses vêm dando saltos nos últimos tempos também neste aspecto e, embora tenham muito capital, ainda não são reconhecidos como bons construtores e ainda tem um vasto inventário ambiental a tratar. Aí entra a expertise americana, que ainda possui um senhor mercado consumidor e se coloca mais uma vez próximos dos europeus, parceiros históricos, que fizeram sua escolha pelos elétricos mais cedo e veem o relógio cada vez mais se aproximar para a sua implantação plena.

Presidente Biden a bordo de uma picape F-150 elétrica.
Presidente Biden a bordo de uma picape F-150 elétrica.
Foto: Divulgação

Biden já se revelou por muitas vezes um cabeça de gasolina. Tanto que até deu uma volta em uma F-150 elétrica e acelerou com gosto. Talvez por esta predileção pelas quatro rodas, veja o automóvel, este ícone do Século XX, como uma das alavancas para botar os EUA de volta à vanguarda do Século XXI. Ainda há tempo de recuperar o tempo perdido e o automóvel, seja a combustão ou elétrico, ainda tem uma importância imensa para o nosso modo de vida.

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