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Quem é a delatora do Facebook que quer salvar a rede social

Frances Haugen pediu demissão da empresa de Mark Zuckerberg por discordar das decisões da empresa

7 out 2021 - 05h11
(atualizado às 07h20)
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A ex-funcionária e denunciante do Facebook Frances Haugen testemunha durante uma audiência do Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado intitulada 'Protegendo Crianças Online: Testemunho de uma denunciante do Facebook', no Capitol Hill, em Washington, EUA, 5 de outubro de 2021. Jabin Botsford/Pool via REUTERS
A ex-funcionária e denunciante do Facebook Frances Haugen testemunha durante uma audiência do Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado intitulada 'Protegendo Crianças Online: Testemunho de uma denunciante do Facebook', no Capitol Hill, em Washington, EUA, 5 de outubro de 2021. Jabin Botsford/Pool via REUTERS
Foto: Reuters

Ex-funcionária do Facebook, a norte-americana Frances Haugen é a responsável por colocar a empresa de Mark Zuckerberg no maior escândalo desde o caso da Cambridge Analytica, em 2018, que envolveu a coleta ilegal de dados de 87 milhões de usuários da rede social para afetar os dados das eleições dos Estados Unidos de 2016.

Desta vez, a companhia é alvo de críticas por ser negligente com a moderação de conteúdo - um dos problemas seria o impacto negativo do Instagram na saúde mental de crianças e adolescentes.

Frances, que trabalhava como gerente da equipe de integridade cívica da plataforma desde 2019, foi a responsável por revelar os documentos atestando que o Facebook sabia dessas informações, mas que nada teria feito a respeito para arrumar a situação.

Após pedir demissão em maio deste ano por discordar das atitudes da companhia, Frances Haugen acredita que o Facebook pode ser consertado, dado o valor que a rede social tem para a democracia e para o debate público.

No entanto, diz ela, a empresa optou pelo lucro: "O Facebook percebeu que, se mudar o algoritmo para ser mais seguro, as pessoas vão passar menos tempo no site, vão clicar em menos anúncios e eles vão ganhar menos dinheiro", afirmou em entrevista ao programa de TV americano 60 Minutes, onde revelou ser a delatora responsável por colocar a companhia em um novo escândalo.

Frances coletou milhares de documentos internos antes de se demitir da companhia, que serviram de base para o jornal americano Wall Street Journal publicar matérias explicando como a rede social de Mark Zuckerberg teria menosprezado o bem-estar de jovens. Como última mensagem na plataforma interna da empresa, a americana escreveu: "Não odeio o Facebook. Amo o Facebook. Quero salvá-lo."

Nos dois anos em que trabalhou na companhia, Frances, natural do Estado americano de Iowa, nos EUA, lidava diariamente com questões relacionadas à democracia e desinformação. Antes, ela trabalhou em empresas como Google e Pinterest nas áreas de software e produto, após se formar em engenharia elétrica e da computação na Ollin College, em Massachusetts.

Após se revelar como a delatora no domingo, 3, Frances criou um perfil no Twitter, onde se descreve como "defensora da supervisão pública das redes sociais". Recentemente, ela propôs medidas para "consertar" o Facebook, como proibir menores de idade de usarem as redes, regulamentação dos algoritmos e a criação de uma agência independente para supervisionar as plataformas digitais.

Entenda o escândalo

Os documentos revelados por Frances, ainda em anonimato, foram publicados primeiramente pelo jornal americano Wall Street Journal nas últimas semanas de setembro. Após a repercussão do caso, o Congresso dos Estados Unidos decidiu investigar a empresa.

Na última quinta-feira, foi chamada para prestar depoimento a diretora de segurança do Facebook, Antigone Davis, que defendeu a empresa das acusações. Na terça passada, foi a vez de Frances, alegando que crescer a fatia de lucro foi priorizado pela empresa.

Nas próximas semanas, deve ser chamado o presidente executivo e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg. Ontem, o CEO defendeu-se das acusações da delatora, dizendo que é "ilógico" apostar em conteúdos que priorizem a polarização social.

Estadão
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