Facebook, Twitter e Google excluem centenas de contas falsas do Irã e da Rússia
Perfis publicavam e impulsionavam mensagens falsas a usuários dos Estados Unidos, América Latina, Reino Unido e Oriente Médio a favor de ações dos governos iraniano e russo; ao todo, empresas tiraram do ar mais de 900 usuários
SÃO FRANCISCO, EUA - Facebook, Twitter e Alphabet identificaram e retiraram do ar na terça-feira, 21, centenas de contas falsas ligadas ao Irã e à Rússia, incluindo páginas, grupos e perfis voltados a divulgar informações falsas a usuários de Estados Unidos, América Latina, Reino Unido e Oriente Médio.
Ao todo, 652 contas foram excluídas do Facebook e outras 284 foram suspensas no Twitter. A Alphabet não comentou sobre sua atuação para combater a difusão de conteúdos falsos em suas plataformas. No mês passado, o Facebook já havia excluído 32 páginas e perfis falsos ligados ao governo russo por motivos semelhantes.
O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, disse que as contas identificadas na plataforma de sua empresa fazem parte de duas campanhas distintas: a primeira, do Irã, com alguns laços com a mídia estatal, e a segunda ligada a fontes que Washington identificou anteriormente como dos serviços de inteligência russa.
Em comunicado, a empresa esclareceu que se tratavam de campanhas diferentes e que não foram identificada ligação ou coordenação entre elas.
Campanhas distintas
"Isso mostra que não é apenas a Rússia que se envolve nesse tipo de atividade", disse Lee Foster, analista de operações de informação da FireEye, empresa de consultoria em cibersegurança que atuou junto ao Facebook nas investigações.
A FireEye disse que a campanha iraniana usou uma rede de sites de notícias falsas e personagens fraudulentos de mídias sociais espalhadas por Facebook, Instagram, Twitter, Google Plus e YouTube, para difundir narrativas de acordo com os interesses de Teerã.
Os perfis iranianos eram conectados por uma rede de páginas ligadas a veículos estatais iranianos e difundiam propagandas pró-iranianas, pró-palestinas e anti-israelenses desde 2013.
De acordo com a investigação interna do Facebook, as contas gastaram mais de US$ 12 mil para promover conteúdos falsos na rede social e também no Instagram. Os textos eram escritos em inglês, arábe e farsi. O Departamento de Tesouro dos EUA foi notificado sobre estes gastos, que podem violar as sanções contra o regime iraniano.
Segundo a FireEye, as contas falsas não focavam especificamente em influenciar as eleições legislativas americanas de novembro, mas faziam parte de uma operação "que atuava para além das audiências americanas e a política dos Estados Unidos".
Já as contas ligadas à Rússia publicavam mensagens a favor das ações do governo de Vladimir Putin na Ucrânia e na Síria, neste caso também destacando as medidas adotadas pelo presidente sírio, Bashar Assad.
Logo após a divulgação do Facebook, o Twitter também anunciou a suspensão de centenas de contas falsas, mas não repassou mais informações sobre os perfis excluídos.
"Nós suspendemos 284 contas do Twitter engajadas em manipulação coordenada", escreveu a empresa em um tweet. "Baseado nas análises existentes, aparentemente muitas dessas contas eram originadas do Irã".
Working with our industry peers today, we have suspended 284 accounts from Twitter for engaging in coordinated manipulation. Based on our existing analysis, it appears many of these accounts originated from Iran.
— Twitter Safety (@TwitterSafety) 22 de agosto de 2018
A exclusão dos perfis falsos ocorre um dia após a Microsoft derrubar seis domínios ligados a um grupo de hackers russos. Os sites se passavam por organizações conservadoras americanas e por órgãos do Senado para obter informações confidenciais de usuários. / NYT, REUTERS e EFE