Rio de Janeiro: moradores protestam após mortes nas comunidades
O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro confirmou nesta quinta-feira (30) que 80 corpos de vítimas da Operação Contenção, deflagrada contra o Comando Vermelho, já passaram por necropsia
Em meio ao cenário de violência e mortes no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, familiares e moradores das comunidades denunciam irregularidades graves, como a falta de socorro aos baleados. Um protesto reuniu manifestantes em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado. Com cartazes exibindo frases como "estado genocida" e "Castro assassino", o grupo acusou o governador Cláudio Castro de liderar uma "carnificina".
Rute Sales, ativista negra e moradora da região, desabafou ao site Agência Brasil: "Não é possível que esse governador não seja responsabilizado por tantas vidas. O que aconteceu dentro da comunidade foi um genocídio. Toda véspera de eleição, tem uma estratégia de entrar nas nossas comunidades, matar o nosso povo e causar o terror. Os corpos estão sendo usados politicamente. E os corpos que tombam são os nossos, do povo preto e do povo pobre. Não aguentamos mais."
O que autoridades dizem sobre as mortes?
Apesar das denúncias, o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, afirmou que, na ausência de perícia formal, as autoridades utilizam "todo o contexto" - como horário, local e vestimentas - para concluir que os civis mortos estavam envolvidos com o tráfico. Santos argumentou que mesmo criminosos com vasta vida delituosa podem não possuir antecedentes formais.
O governador Cláudio Castro, por sua vez, defendeu a operação como um "sucesso", minimizando as mortes de civis e alegando ter desferido um "duro golpe na criminalidade". Ele enfatizou que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos no confronto.
Além disso, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou a criação de um escritório emergencial para enfrentar o crime organizado. A coordenação será compartilhada entre o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, e Victor Santos. O governo federal prometeu aumento de 50 agentes da Polícia Rodoviária Federal nas estradas, mais agentes de inteligência e disponibilizou peritos e vagas em presídios federais, caso solicitados. A operação, no entanto, segue gerando forte repúdio e questionamentos sobre a condução da segurança pública no Rio de Janeiro.