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Protestos contra cortes motivaram 'resposta' pró-Bolsonaro

Mensagens com convocação de manifestações em apoio ao governo surgem com destaque no WhatsApp logo após os atos do dia 15

22 mai 2019 - 05h19
(atualizado às 09h13)
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As imagens que convocam para as manifestações favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro, no próximo domingo, começaram a se destacar entre as mais circuladas do WhatsApp no dia 16, quinta-feira, logo após os atos contrários ao governo e aos cortes na Educação.

Como forma de rebater os protestos, apoiadores de Bolsonaro se mobilizaram para ir às ruas e, desde então, o teor das mensagens tem sido direcionado para atacar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). 

Uma análise feita pelo Estado no WhatsApp Monitor, ferramenta de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que a primeira imagem sobre o próximo domingo a ficar entre as 30 mais compartilhadas de um determinado dia em grupos públicos do aplicativo foi uma com o logo do movimento NasRuas.

Protesto de estudantes e professores contra os cortes na educação feitos pelo governo federal no Largo do Rosário no centro de Campinas, interior de São Paulo, em 15 de maio de 2019
Protesto de estudantes e professores contra os cortes na educação feitos pelo governo federal no Largo do Rosário no centro de Campinas, interior de São Paulo, em 15 de maio de 2019
Foto: LUCIANO CLAUDINO / Estadão Conteúdo

Foi no sábado passado, porém, que as imagens com convocatórias para o próximo domingo dominaram de vez os grupos públicos. Àquela altura, além de conter detalhes dos atos em cada cidade, as imagens passaram a atacar abertamente o Congresso e o Supremo. Uma delas chega a pedir o fechamento das duas instituições, enquanto outras buscam desmoralizá-las. 

A ideia de um Bolsonaro messiânico, capaz de enfrentar o "establishment" com o apoio das ruas, passou a dominar. Nessas mensagens, imprensa, reitores de universidades e classe artística se juntam ao Legislativo e ao Judiciário para formar o que os apoiadores do presidente classificam como "sistema". 

No dia anterior, sexta-feira, Bolsonaro havia compartilhado um texto que versava sobre as dificuldades de se governar de acordo com as regras do jogo político. A mensagem dizia que, "fora desses conchavos, o Brasil é ingovernável". É por isso, segundo a corrente, que o País está "disfuncional", o que isentaria o presidente de culpa. "Até agora (o presidente) não aprovou nada", diz o texto. 

De lá para cá, o bolsonarismo mais institucional ficou dividido. Apoiadores do presidente se posicionaram contra a ideia de buscar nas ruas o aval para um governo avesso à articulação - nomes como a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) e o presidente do partido de Bolsonaro, deputado Luciano Bivar (PSL-PE). A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), chegou a ter um embate no Twitter com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), ex-líder do NasRuas, depois de ser acusada por ela de omissão por não postar nas redes sociais um apoio explícito às manifestações.

O monitor da UFMG acompanha 350 grupos públicos do WhatsApp — ou seja, aqueles nos quais é possível entrar apenas com um link — e enumera as imagens, áudios, mensagens e links que mais circulam dia a dia. Como o aplicativo tem criptografia de ponta a ponta, não é possível monitorar o que é compartilhado entre usuários fora desses grupos.

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