'Plano sinistro', 'marcha fúnebre' e 'Bella Ciao': julgamento de Bolsonaro repercute na imprensa internacional
O julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), iniciado nesta terça-feira (2), ganhou amplo destaque na imprensa internacional. Publicações de diferentes países analisaram a tentativa de golpe de Estado de 2022 e projetaram que o ex-presidente pode ser condenado.
Entre as reportagens, apareceram descrições do processo como "plano sinistro" e análises sobre a pressão externa de líderes estrangeiros, como do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Bolsonaro, em prisão domiciliar, é julgado junto a outros sete acusados, com expectativa de que a sentença seja anunciada até 12 de setembro.
O que disseram os jornais estrangeiros?
O New York Times apresentou uma cronologia dos acontecimentos, destacando que Bolsonaro teve nove semanas, entre a derrota eleitoral e o 8 de janeiro, para articular um "plano sinistro". O jornal afirmou que "há um vasto conjunto de provas" contra o ex-presidente, incluindo depoimentos e documentos, e que o Brasil está fazendo o que os EUA não conseguiram: levar um ex-presidente a julgamento por tentar permanecer no poder.
O The Guardian entrevistou o trompetista Fabiano Leitão, que viralizou ao tocar uma "marcha fúnebre" e o hino antifascista "Bella Ciao". Ele disse estar "fazendo o velório político" de Bolsonaro e afirmou que pretende receber o ex-presidente em frente ao STF. "Vai ser algo alegre! Tem que ser algo alegre!", declarou. O jornal britânico ainda relatou que, para muitos progressistas, "as previsões de especialistas soam como música aos ouvidos", e que há expectativa de comemoração com a condenação.
O Washington Post apontou que o julgamento "marca uma reviravolta significativa" na história política brasileira. Para o jornal, o processo representa o confronto do País com seu passado autoritário e com Trump. "O julgamento de Bolsonaro também é o ápice de uma saga extraordinária", escreveu a reportagem, destacando que o caso pode abrir precedente de responsabilização política.
A revista The Economist retomou a alcunha "Trump dos trópicos" e classificou os eventos de 8 de janeiro de 2023 como "esquisitos e bárbaros". Segundo a publicação, Bolsonaro "falhou por incompetência, e não por falta de intenção". A reportagem lembrou ainda que o Brasil, ao julgar um ex-presidente por tramar um golpe, dá uma lição de democracia aos Estados Unidos, que não conseguiram responsabilizar Trump por ações semelhantes.
A rede britânica BBC informou que o julgamento entrou em fase decisiva e deve ser concluído nos próximos dias. O veículo acrescentou que a "causa do ex-presidente foi abraçada" por Trump, que classificou o processo como uma "caça às bruxas".