UE reage a ataques dos EUA: 'Não aceitamos interferência'
Multa contra X abriu crise entre os 2 lados do Atlântico
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, reagiu aos ataques dos Estados Unidos à União Europeia por conta da multa de 120 milhões de euros (R$ 755 milhões) aplicada ao X, rede social do bilionário Elon Musk, e disse nesta segunda-feira (8) que os dois aliados agora têm visões diferentes sobre a ordem internacional.
"Se somos aliados, precisamos agir como aliados, e aliados não ameaçam interferir na vida política interna dos aliados, eles a respeitam. Não podemos aceitar essa ameaça de interferência na vida política da Europa", afirmou o português, líder do órgão que reúne os chefes de governo dos 27 Estados-membros, em discurso no congresso anual do Instituto Jacques Delors, think tank de estudos europeus com sede em Paris, na França.
Segundo Costa, os EUA e a UE "não compartilham mais a mesma visão sobre a ordem internacional", e "não há liberdade de expressão se a liberdade de informação é sacrificada para defender tecno-oligarcas", como Musk.
"Precisamos ser claros sobre isso, porque entre parceiros e amigos não pode haver mal-entendidos. Os Estados Unidos continuam sendo um parceiro importante, mas nossa Europa tem de ser soberana", salientou.
A UE atribui ao X violações de sua Lei de Serviços Digitais (DSA), incluindo uma "manipulação" dos usuários por meio do sistema de verificação a pagamento introduzido por Musk, que concede o selo azul até para perfis falsos.
Além disso, Bruxelas afirma que a rede social não respeita critérios de transparência em anúncios e não permite que pesquisadores tenham acesso adequado a dados públicos da empresa.
Em resposta, o governo de Donald Trump acusou Bruxelas de "censura" e de "atacar plataformas tecnológicas e o povo americano", enquanto Musk defendeu a "abolição" da União Europeia, a quem comparou com o nazismo.