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Reino Unido pede adiamento da decisão do Brexit para 2020

Boris Johnson enviou carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pedindo o novo adiamento em nome do Parlamento, mas não a assinou

19 out 2019 - 20h02
(atualizado às 20h03)
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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu à União Europeia um novo adiamento - para o fim de janeiro - da saída do Reino Unido do bloco, prevista para o dia 31, após sofrer um duro revés no Parlamento. Os deputados britânicos decidiram adiar sua decisão sobre o novo acordo do Brexit, mudando os planos do governo de realizar a separação até o fim do mês.

Em uma sessão especial do Parlamento que deveria ratificar o tratado alcançado na quinta-feira entre Londres e os 27 países-membros da UE, os deputados aprovaram por 322 votos a 306 uma emenda a partir da qual ele não será aceito até que se tenha aprovado toda a legislação necessária para sua adoção.

Premiê britânico Boris Johnson 17/10/2019 REUTERS/Toby Melville
Premiê britânico Boris Johnson 17/10/2019 REUTERS/Toby Melville
Foto: Reuters

Os deputados aprovaram no mês passado uma lei - Benn Act - obrigando Johnson a pedir um novo adiamento caso o acordo não fosse aprovado ontem. Apesar da ameaça de prisão que consta na lei, Johnson insistia que preferia a morte a pedir um novo adiamento do Brexit.

Segundo o governo britânico, Johnson enviou a carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pedindo o novo adiamento em nome do Parlamento, mas não a assinou. Em outra carta, esta sim assinada, o premiê diz que não queria a prorrogação, "que pode prejudicar os interesses do Reino Unido, de seus parceiros na UE e o relacionamento entre eles", mas se viu forçado a solicitá-la em razão do Benn Act, do qual ele anexou uma cópia.

Tusk confirmou ontem à noite no Twitter que recebeu as cartas e iniciará consultas com os líderes da UE sobre a decisão a ser tomada. Para ser efetivo, o terceiro adiamento precisa ser aprovado de maneira unânime pelos outros 27 países do bloco.

Emenda. O idealizador da emenda que adiou o que deveria ser uma votação histórica no Parlamento foi o ex-ministro conservador Oliver Letwin, deputado independente desde que foi expulso de seu Partido Conservador em setembro por votar contra o governo.

Letwin disse que respalda o acordo anunciado na quinta-feira entre Londres e Bruxelas, mas pretendia evitar uma armadilha dos eurocéticos mais teimosos: ele temia que estes votassem em favor do texto ontem e contra a legislação nos próximos dias, o que levaria o país a um catastrófico Brexit sem acordo no fim do mês.

Enquanto os deputados debatiam, dezenas de milhares de pessoas protestavam no centro de Londres e exigiam um segundo referendo para tirar o país da crise iniciada com a consulta de 2016, quando o Brexit venceu com 52% dos votos.

O novo acordo retoma o que foi negociado pela ex-premiê Theresa May, mas modifica o ponto de maior discussão: como evitar uma fronteira física entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, país membro da UE, para preservar o frágil acordo de paz da Sexta-Feira Santa, que em 1998 encerrou três décadas de conflito violento.

O pacto alcançado na quinta-feira prevê uma solução técnica complexa, com a qual a província britânica continuaria a ser administrada por algumas regulamentações do Mercado Comum Europeu e permaneceria de fato em uma união alfandegária com a UE, embora permanecesse legalmente na mesma zona aduaneira que o restante do Reino Unido.

A ideia enfrenta uma forte oposição do partido unionista norte-irlandês DUP, que não deseja que seu território receba um tratamento diferente do restante do Reino Unido. Contrários a qualquer tipo de Brexit, também votarão contra o governo os nacionalistas escoceses do SNP e os centristas do Partido Liberal-Democrata.

Os deputados do Partido Trabalhista, a principal força da oposição, também receberam ordem para rejeitar o texto. Embora alguns, procedentes de circunscrições eleitorais partidárias do Brexit, possam apoiar o governo. Se o texto for rejeitado, o país mergulhará ainda mais no caos e arrastará uma UE cansada por uma questão que já deu por encerrada duas vezes. / AFP, AP e REUTERS

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