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'Quase todas as janelas do meu apartamento vieram a baixo', diz brasileiro sobre explosão em Beirute

Brasileiros testemunharam explosão que deixou pelo menos dez mortos e dezenas de feridos na capital do Líbano.

4 ago 2020 - 16h52
(atualizado às 17h42)
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Apartamento de brasileiros em Beirute ficou cheio de estilhaços de vidro
Apartamento de brasileiros em Beirute ficou cheio de estilhaços de vidro
Foto: Luiz Felipe Czarnobai / BBC News Brasil

O brasileiro Luiz Felipe Czarnobai, de 34 anos, estava em seu apartamento próximo ao porto de Beirute com seus três filhos e a babá das crianças quando viu a explosão que atingiu a cidade nesta terça-feira. O incidente deixou pelo menos 30 mortos e dezenas de feridos.

"Quase todas as janelas do meu apartamento vieram a baixo", conta Luiz Felipe. Seu filho mais velho, de 9 anos, estava próximo à janela quando viu a explosão e gritou o nome da babá, Welet Tekle.

"Eu estava a três metros e gritei 'corre'", conta Luiz Felipe. "Welet foi nossa heroína, depois que gritei, foi ela que puxou meu filho Gustavo, de 9 anos, e os salvou dos estilhaços da explosão".

"Eu só vi uma luz forte vindo em direção à janela da sala, ouvi um barulho enorme e o vidro [da sala] quebrando."

O brasileiro entrou pegou os dois outros filhos mais novos, que estavam em outro cômodo, e se escondeu debaixo da cama com os filhos e a babá.

"Ficamos debaixo da cama durante uns 20 minutos, esperando meu marido chegar", conta. Seu marido, também brasileiro, estava em outro prédio cujas janelas também foram danificadas e machucou a mão de leve. Após a explosão ele foi correndo para casa.

Felizmente a

Felizmente a família não se machucou com os estilhaços das janelas
Felizmente a família não se machucou com os estilhaços das janelas
Foto: Luiz Felipe Czarnobai / BBC News Brasil

"Eu estava com meu celular e consegui ligar para meu marido e dizer que a gente estava bem", conta.

Quando saiu de baixo da cama, Luiz Felipe viu que quase todas as janelas do apartamento — no 21º andar do prédio — estavam quebradas.

"Agora as crianças estão calmas, estão dormindo, mas estamos sem janelas. Está cheio de vidro, então não dá nem para chegar perto", diz ele. A família não saiu do apartamento depois da explosão.

"Dá para ver a enorme movimentação na rua, cheia de carros e ambulâncias."

Fumaça rosa

A brasileira Isabella Hijazi, de 20 anos, que mora a cerca de três quilômetros do porto de Beirute, diz que tomou um susto enorme com a explosão.

Isabella mora a dez minutos do porto e estava em casa vendo séries quando sentiu o chão tremer violentamente.

"Do nada começou a tremer o chão da minha casa, eu achei que era um terremoto", conta. "As janelas tremeram e abriram, minha cortina voou para dentro de casa, quase tive um ataque do coração. Então olhei pela janela e vi uma fumaça rosa", conta a estudante brasileira de Foz do Iguaçu, que mora há 3 anos no Líbano. "Diversas janelas nos prédios em volta quebraram".

Foto tirada por brasileira em Beirute mostra fumaça rosa saindo do porto após explosão
Foto tirada por brasileira em Beirute mostra fumaça rosa saindo do porto após explosão
Foto: Isabella Hijazi/BBC / BBC News Brasil

Ela disse que chegou a pensar que pudesse ser um ataque terrorista, devido ao histórico de ataques politicamente motivados no país, mas achou a cor da fumaça estranha.

"Fiquei desesperada e liguei a TV. Primeiro ninguém estava sabendo o motivo, depois falaram sobre a possibilidade de ter sido uma explosão num carregamento de contêineres com fogos de artifício."

A brasileira não saiu para a rua. "[As autoridades] deram instruções para a gente ficar em casa até que as coisas fiquem mais calmas", conta. "Aqui ninguém se machucou, graças a Deus", diz ela, que mora no mesmo prédio que seus primos libaneses.

Outra brasileira no país, a guia turística Carla Mussallam Al Masri, de 53 anos, estava a 35 quilômetros de distância do local da explosão.

Segundo a AFP, a explosão deixou dezenas de feridos
Segundo a AFP, a explosão deixou dezenas de feridos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

"Eu estava de folga, na praia. Estava longe, mas ouvi o barulho da explosão. Achei que fosse uma bomba em Beirute. Liguei para minha filha, que estava dando aula no momento. Mas ela estava bem", conta.

A filha de Carla, a professora de ginástica Yasmin Mussallam Al Masri, de 22 anos, estava a cerca de 10 minutos da região portuária de Beirute.

"A porta do prédio começou a bater. Achamos que era alguém batendo. Mas logo depois tudo tremeu e as janelas começaram quebrar", conta.

Segundo Yasmin, seguranças e policiais pediram para as pessoas ficarem dentro dos edifícios. "Os vidros dos prédios ficaram caindo na rua por mais de 15 minutos. Quando saí, estava tudo branco de fumaça e o bairro estava destruído. Muita gente estava machucada, os carros quebrados na estrada e muitas ambulâncias na rua", relata.

O que se sabe até agora?

As causas da explosão ainda não foram esclarecidas, mas há relatos de que poderia ter sido um acidente. A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou que ocorreu um incêndio em um depósito de explosivos no porto antes da explosão.

Fotos mostram que dezenas de quilômetros foram atingidos e diversos incêndios ainda estão sendo apagados pelos bombeiros. Relatos dão conta de que prédios balançaram e vidros quebraram a dezenas de metros do local — aparentemente diversos edifícios sofreram danos estruturais.

A explosão aconteceu na área portuária da cidade
A explosão aconteceu na área portuária da cidade
Foto: Reuters / BBC News Brasil
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