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Putin diz ver circunstâncias fortuitas em abate de avião russo na Síria

18 set 2018 - 16h10
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira que a derrubada de um avião militar russo perto do litoral da Síria foi resultado de uma série de circunstâncias fortuitas e trágicas.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante entrevista coletiva no Kremlin
18/09/2018 Alexander Zemlianichenko/Pool via REUTERS
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante entrevista coletiva no Kremlin 18/09/2018 Alexander Zemlianichenko/Pool via REUTERS
Foto: Reuters

Seus comentários pareceram neutralizar uma possível crise envolvendo potências estrangeiras que apoiam lados opostos da complexa guerra civil síria depois que o Ministério da Defesa russo acusou Israel de causar o incidente indiretamente.

O ministério disse que, embora baterias antiaéreas sírias tenham abatido o avião de um aliado próximo por engano, caças israelenses que voavam nas proximidades colocaram a aeronave russa em perigo, e ameaçou retaliar o que descreveu como um ato hostil.

Putin disse aos repórteres: "O que parece mais provável neste caso é que tenha sido uma cadeia de eventos trágicos e fortuitos, porque uma aeronave israelense não abateu nossa aeronave. Mas sem dúvida precisamos seriamente examinar a fundo o que aconteceu".

"Quanto a medidas retaliatórias, elas almejarão acima de tudo aumentar a segurança de nosso efetivo e instalações militares na Síria. E estes serão passos que todos notarão", disse Putin.

Ele também disse ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por telefone que a Força Aérea de Israel vem realizando operações que violam a soberania síria, informou um comunicado do Kremlin.

"Neste caso, acordos russo-israelenses para a prevenção de incidentes perigosos não foram observados. Como resultado, um avião russo foi alvejado por sistemas antiaéreos da Síria. O presidente da Rússia pediu que o lado israelense evite tais situações daqui por diante", disse o comunicado.

O Ministério da Defesa russo disse que a aeronave de reconhecimento Il-20, que tinha 15 efetivos russos a bordo, foi abatida por baterias antiaéreas do governo sírio, um incidente de "fogo amigo".

Mas o ministério disse ter responsabilizado Israel porque, na ocasião do incidente, caças israelenses atacavam alvos sírios e só deram um minuto de aviso a Moscou, criando o risco de a aeronave russa ser pega no fogo cruzado.

"Vemos as ações dos militares israelenses como hostis", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, à televisão estatal russa. "Em resultado das ações irresponsáveis dos militares israelenses, 15 efetivos russos pereceram."

O gabinete de Netanyahu disse que, em sua conversa com Putin, ele culpou Damasco pelo abate do avião, mas que ofereceu "todas as informações necessárias" para a investigação do incidente.

Qualquer disputa entre Israel e a Rússia pode prejudicar a capacidade do Estado judeu de realizar ataques aéreos dentro da Síria contra o que vê como a maior ameaça da guerra à sua segurança: o fortalecimento de forças iranianas ou agrupamentos da milícia xiita Hezbollah.

Desde que interveio na Síria em 2015, Moscou vem fazendo vista grossa de maneira geral aos ataques de Israel, que realizou cerca de 200 deles nos últimos dois anos, segundo autoridades israelenses.

Amos Yadlin, diretor do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv, disse no Twitter que o abate do avião russo pode "limitar o esforço para impedir o enraizamento do Irã na Síria e as transferências de armas avançadas ao Hezbollah."

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