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Oriente Médio

Talibã diz que não vai exigir uso de burca para mulheres

Vestimenta era obrigatória no Afeganistão até 2001, ano em que os Estados Unidos invadiram o país

17 ago 2021 - 12h46
(atualizado às 12h54)
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Mulher usa burca no Afeganistão de 2001
Mulher usa burca no Afeganistão de 2001
Foto: Yannis Behrakis / Reuters

Um porta-voz do grupo fundamentalista islâmico Talibã, que reassumiu o poder no Afeganistão, afirmou que as mulheres terão acesso a escolas e universidades e não precisarão usar burca na rua.

No entanto, de acordo com Suhail Shaheen, as afegãs ainda terão de utilizar o hijab, véu islâmico que deixa o rosto à mostra, ao sair de casa. "É pela segurança delas", justificou o representante em entrevista à rede britânica Sky News.

Além disso, Shaheen ressaltou que as mulheres terão acesso a trabalhos e educação, mas "à luz da lei islâmica".

"Vamos nos empenhar pelos direitos das mulheres no âmbito da Sharia [a lei islâmica], não haverá discriminação", reforçou outro porta-voz, Zabihullah Mujahid, em coletiva de imprensa em Cabul.

De volta ao poder 20 anos depois de ter sido destituído pela invasão norte-americana, o grupo fundamentalista vem tentando vender uma imagem de "moderado" para facilitar seu reconhecimento pela comunidade internacional.

Em seu primeiro regime, entre 1996 e 2001, o Talibã proibia a existência de escolas mistas, o que, na prática, impedia que meninas estudassem, e obrigava mulheres a usarem burcas - vestimenta que cobre o corpo inteiro - ao sair de casa.

Desta vez, no entanto, o grupo já até prometeu anistia geral para funcionários que trabalhavam para o governo anterior e instou os servidores públicos a retornarem às suas funções.

Apesar disso, essa imagem de moderação ainda é vista com ceticismo tanto pela comunidade internacional como internamente. "Ninguém pode me ajudar, estou aqui sentada com minha família e meu marido. E eles virão atrás de pessoas como eu e me matar", disse a um jornal britânico a prefeita mais jovem do Afeganistão, Zarifa Ghafari, de 27 anos.

Ativista pelos direitos das mulheres, ela é prefeita de Maidan Shahr desde 2019, mas agora teme retaliações do Talibã. "Estou destruída, mas não vou parar, mesmo que venham me buscar. Não tenho medo de morrer", acrescentou.

Ansa - Brasil   
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