Rússia critica pedido ocidental de "resolução forte" contra Síria
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, criticou nesta segunda-feira o pedido ocidental de uma "resolução forte" contra a Síria no Conselho de Segurança da ONU por parte dos Estados Unidos, França e o Reino Unido.
"Considero que, em certa medida, isto é tergiversar a realidade, já que com Kerry (secretário de Estado americano John) concordamos claramente como é preciso atuar, de acordo com o direito internacional", disse Lavrov em entrevista coletiva segundo a agência Interfax.
Lavrov, que se referia à resolução que propõe "consequências sérias" se a Síria não entregar suas armas químicas à comunidade internacional, fez estas afirmações depois de se reunir com o chefe da diplomacia egípcia, Nabil Fahmi.
O ministro russo argumentou que a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) tem a última palavra na hora de impor as condições da entrega do arsenal químico sírio. "A iniciativa russo-americana que foi aprovada em Genebra contém uma proposta sobre quais podem ser os parâmetros, tanto em relação a prazos como conteúdo, mas a decisão final corresponde é da OPAQ", disse.
Lavrov afirmou que o pacto alcançado na semana passada entre Moscou e Washington não se refere ao automático uso da força caso Damasco descumpra sua promessa de pôr suas armas químicas sob controle internacional.
O principal acordo alcançado na recente reunião de Genebra foi que "nós e os Estados Unidos prepararemos um projeto de decisão para o conselho executivo da OPAQ", disse Lavrov. Esse projeto, acrescentou, deve incluir os prazos do procedimento de entrega das armas químicas e os mecanismos para determinar os lugares de armazenamento das armas e o número de analistas necessários para completar esse trabalho.
Lavrov afirmou que o Conselho de Segurança só poderia adotar uma resolução que contemple concretamente o uso da força contra a Síria, em virtude do artigo 7 das Nações Unidas, em casos excepcionais e somente com provas indubitáveis.
Kerry disse hoje que não serão toleradas "medidas protelatórias" por parte do regime de Bashar al Assad em relação ao desarmamento e em caso de descumprimento "haverá consequências". Segundo o secretário de Estado, o acordo com a Rússia contempla essa possibilidade. O chefe da diplomacia dos Estados Unidos fez esta declaração em Paris, após se reunir com os ministros das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, e do Reino Unido, William Hague.
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