PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Oriente Médio

Coreia do Norte desafia o mundo com novo teste nuclear; ONU condena

12 fev 2013 - 16h25
(atualizado às 17h06)
Compartilhar

A Coreia do Norte executou nesta terça-feira seu terceiro e mais potente teste nuclear, utilizando um artefato "miniaturizado", em um gesto que provocou reações imediatas de condenação de grande parte da comunidade internacional, inclusive a China, aliada do regime de Pyongyang.

O governo do fechado regime stalinista do nordeste da Ásia confirmou ter realizado um teste nuclear "com êxito", e o apresentou como uma resposta à "hostilidade dos Estados Unidos", seu inimigo declarado.

O departamento de Estado americano divulgou posteriormente que Pyongyang havia alertado os Estados Unidos sobre a realização do teste, e que Washington reiterou que se opunha a esses plano.

Segundo Pyongyang, este teste é apenas uma primeira etapa, e ameaçou com ações "mais fortes" caso novas sanções sejam contra o país.

"O último teste nuclear é apenas a primeira ação, que executamos da maneira mais contida possível", enfatizou.

De acordo com a nota oficial da agência estatal KCNA, o "teste nuclear de alto nível, ao contrário dos executados no passado, teve mais potência e incluiu um dispositivo atômico miniaturizado e mais leve".

O Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu de emergência para discutir o novo desafio norte-coreano, declarou que "condena firmemente" a Coreia do Norte e anunciou que iniciará imediatamente as negociações sobre novas medidas contra Pyongyang.

"A explosão foi uma clara ameaça à paz internacional e à segurança", afirmou o ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Kim Sung-Hwan, na leitura da declaração do Conselho, que se reuniu a portas fechadas.

"A Coreia do Norte irá enfrentar um isolamento e pressões crescentes" afirmou por sua vez a embaixadora americana nas Nações Unidas, Susan Rice, após a reunião do Conselho.

Em Viena, a Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, por sua vez, afirmou que a explosão constituiu uma "clara ameaça à paz e à segurança".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou um gesto que considerou "profundamente desestabilizador", de acordo com seu porta-voz.

Mais cedo, o presidente Barack Obama pediu uma resposta rápida da comunidade internacional a um teste nuclear que chamou de "provocação".

O secretário de Defesa americano, Leon Panetta, por sua vez, foi enfático em afirmar que a Coreia do Norte é uma séria ameaça para os Estados Unidos, que deve estar preparado para enfrentá-la.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, declarou que o teste nuclear norte-coreano era "extremamente lamentável".

A China, principal aliado do regime de Pyongyang, reiterou sua "firme oposição" ao teste nuclear norte-coreano em um comunicado do ministério das Relações Exteriores, que não utiliza a palavra "condenação".

No comunicado, a China defende o fim dos programas nucleares na península e estimula Pyongyang a "não levar adiante nenhuma ação que agrave a situação".

Também defende a retomada das negociações multilaterais (entre as duas Coreias, Rússia, China, Estados Unidos e Japão) sobre o programa nuclear de Pyongyang.

A Rússia pediu a Coreia do Norte o fim das atividades ilegais e o respeito a todas as diretrizes do Conselho de Segurança da ONU.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) destacou que o país violou as resoluções das Nações Unidas ao executar o teste nuclear.

"Isto é lamentável e uma clara violação", afirmou Yukiya Amano, diretor da AIEA.

A União Europeia (UE) condenou o teste norte-coreano, que chamou de "desafio flagrante" ao regime global de não proliferação e violação das obrigações internacionais de Pyongyang.

O Brasil também expressou sua preocupação quanto ao teste e pediu que Pyongyang cumpra com as resoluções da ONU.

A KCNA confirmou o teste três horas depois que detectores sismológicos registraram um tremor pouco comum, às 02H57 GMT (0H57 de Brasília), em uma área próxima ao local de testes nucleares de Punggye-ri, perto da fronteira com a China.

Agências geológicas dos Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e China detectaram um evento de 4,9 a 5,1 graus de magnitude.

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos afirmaram que a potência do teste foi de vários quilotons.

"A Coreia do Norte provavelmente realizou um teste nuclear subterrâneo nas proximidades de P'unggye em 12 de fevereiro de 2013", indicou, em um comunicado, o escritório do diretor da Inteligência Nacional.

A informação do uso de um dispositivo "miniaturizado" deve provocar alarme, pois dá a entender que o governo norte-coreano alcançou um nível de tecnologia suficiente para fabricar um artefato nuclear que poderia ser instalado em um míssil de longo alcance.

Em dezembro, Pyongyang executou um teste de lançamento de foguete para colocar um satélite em órbita, ação que demonstrou os avanços norte-coreanos na área da tecnologia de mísseis.

No campo técnico, analistas tentam descobrir agora se a Coreia do Norte utilizou parte de suas escassas reservas de plutônio ou se utilizou urânio em uma nova opção de desenvolvimento para detonações atômicas.

De acordo com uma fonte do ministério da Defesa da Coreia do Sul, a explosão desta terça-feira teve uma potência de seis a sete quilotons, aproximadamente a metade do que foi utilizado pelos Estados Unidos na cidade japonesa de Hiroshima em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial.

Também de acordo com fontes sul-coreanas, o primeiro teste nuclear norte-coreano, em 2006, teve potência de menos de um quiloton e muitos cientistas o consideraram um fracasso. O teste de 2009, no entanto, usou de dois a seis quilotons.

A Coreia do Norte havia anunciado no mês passado que um teste atômico era iminente.

O país revelou que estava enriquecendo urânio em 2010, quando permitiu a visita de especialistas estrangeiros a um complexo nuclear de Yongbyon.

Muitos analistas acreditam que a Coreia do Norte fabrica armas de urânio enriquecido há muito tempo em outras instalações secretas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade