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Oriente Médio

Assad diz que Síria é capaz de enfrentar qualquer agressão

1 set 2013 - 10h52
(atualizado às 17h53)
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O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou novamente neste domingo que seu Exército pode aguentar qualquer ataque, após o recuo do presidente americano, Barack Obama, que adiou a perspectiva de uma intervenção ao pedir ao Congresso autorização para atacar.

Em Washington, o secretário de Estado, John Kerry, afirmou que os Estados Unidos tinham recebido e analisado amostras que provam a utilização de gás sarin no ataque de 21 de agosto perto de Damasco, que novamente foi atribuído pelo governo americano ao regime de Damasco.

Enquanto isso, os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe, considerados por Washington um aliado potencial embora profundamente dividida sobre a oportunidade de uma intervenção militar na Síria, estavam reunidos na noite deste domingo no Cairo para discutir a crise.

"A Síria é capaz de enfrentar qualquer agressão externa, assim como enfrenta todos os dias a agressão interna representada pelos grupos terroristas", afirmou Assad neste domingo. "Os grandes perdedores nesta aventura são os Estados Unidos e seus agentes na região, em primeiro lugar a entidade sionista", afirmou Assad, referindo-se a Israel.

Neste domingo, o perfil oficial da presidência da Síria no Instagram postou uma série de fotografias de Assad. São as primeiras imagens publicadas no serviço desde 19 de agosto.

O presidente sírio fez essas declarações no sábado depois do pronunciamento de Obama, mas não citou o nome do presidente americano.

Neste domingo, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Fayçal Moqdad, havia considerado que Obama é "hesitante e confuso" e acusou o governo francês de ser "irresponsável" e de apoiar a Al-Qaeda.

Guerra civil em fotos
AFP

O Terra compilou alguns dos principais materiais fotográficos disponibilizados ao longo destes mais de dois anos de guerra na Síria. Cada imagem leva a uma galeria que conta um episódio específico ou remete a uma situação importante do conflito.

"O Congresso americano deve dar uma prova de sabedoria", lançou Damasco, depois de ter negado novamente a responsabilidade do regime no ataque de 21 de agosto. Já a Coalizão Opositora síria pediu que os membros do Congresso "façam a escolha certa", autorizando um ataque contra o regime sírio, com o objetivo de "parar a máquina da morte de Assad".

Quando uma ação limitada parecia iminente, levando-se em conta a determinação de Obama e do presidente francês François Hollande de agir contra o regime sírio, o chefe de Estado americano disse no sábado que prefere consultar o Congresso, que está em recesso até 9 de setembro.

Segundo a inteligência americana, o ataque de 21 de agosto deixou 1.429 mortos, incluindo 426 crianças. Mencionando um registro ainda provisório, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou neste sábado ter registrado mais de 500 mortos, incluindo 80 crianças.

A ONU anunciou que os especialistas encarregados de investigar o ataque não chegarão a conclusão alguma antes do resultado de análises de laboratório que podem levar até três semanas.

"Amostras de cabelos e sanguíneas registraram resultado positivo para traços de gás sarin", afirmou à rede NBC o secretário de Estado John Kerry, indicando que essas informações tinham sido apresentadas "nas últimas 24 horas".

Segundo uma informação do jornal francês Journal du Dimanche, confirmada por uma fonte governamental francesa, o estoque total de agentes químicos do regime sírio passa de 1.000 toneladas.

Na noite de sábado, Obama anunciou para a surpresa geral que ia "pedir a autorização dos representantes dos americanos no Congresso para o uso da força" na Síria, com o objetivo de enviar "um sinal claro da disposição resoluta dos Estados Unidos" de impedir ataques químicos.

A Câmara dos Representantes e o Senado debaterão cada um em sessões plenárias a partir de 9 de setembro, e os senadores votarão nesta semana, afirmou Harry Reid, líder da maioria democrata.

"Ditaduras como o Irã e a Coreia do Norte acompanham com atenção como o mundo livre vai reagir à utilização de armas químicas contra o povo sírio pelo regime de Bashar al-Assad. Se ele não responder a uma violação como essa das regras internacionais, os ditadores do mundo inteiro se verão estimulados a seguir o exemplo de Assad", ressaltou neste domingo a Coalizão Opositora síria.

O ministro saudita das Relações Exteriores, o príncipe Saud al-Fayçal, cujo país apoia ativamente a oposição e a rebelião sírias, pediu neste domingo que os países árabes apoiem o apelo da oposição síria.

O príncipe Saud pediu que os Estados árabes fiquem ao lado "dos sírios e de seus representantes legítimos reconhecidos pela Liga" (a oposição), que "pedem à comunidade internacional que os ajude, da forma como pedem".

Egito, Argélia, Iraque, Líbano e Tunísia manifestaram nos últimos dias sua oposição a um ataque. A Síria está mergulhada desde março de 2011 em uma revolta popular transformada em guerra civil que deixou mais de 110.000 mortos e causou a suspensão da Síria da Liga Árabe, até seu assento ser atribuído à oposição síria.

Mas, em visita a Damasco, uma liderança parlamentar iraniana alertou neste domingo que os interesses americanos estarão "ameaçados" se Washington lançar um ataque contra o regime sírio, aliado de Teerã.

Conteúdo exclusivo
AFP

Acompanhe a cobertura exclusiva do Terra através do trabalho dos jornalistas Tariq Saleh e Mauricio Morales. Sediado no Líbano, país vizinho e sensível à crise síria, Saleh conversou com sírios, visitou refugiados e ouviu analistas para acompanhar o desenrolar de um conflito complexo e com desfecho ainda incerto. Enviado especial para o conflito, Morales passou dias com rebeldes para conhecer sua visão do conflito.

"As questões de segurança na região estão intimamente ligadas. Os americanos não podem ameaçar os países da região e esperar que seus interesses não sejam ameaçados", declarou Allaeddine Boroujerdi.

Em Roma, o papa Francisco pediu neste domingo que o mundo inteiro respeite um dia de oração e jejum pela paz na Síria no sábado, 7 de setembro, em um gesto forte que repete o lançado por João Paulo II após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

info infográfico síria forças ocidentais
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Foto: AFP

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