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ONU recebe relatos de crimes dos dois lados na Costa do Marfim

1 abr 2011 - 13h10
(atualizado às 13h43)
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Enquanto os confrontos se intensificam na Costa do Marfim, a ONU anunciou nesta sexta-feira ter recebido informações de que os dois grupos políticos que disputam o poder no país são acusados de sérias violações de direitos humanos.

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Tropas leais ao opositor Alassane Ouattara - reconhecido internacionalmente como o vencedor do pleito presidencial de novembro passado - realizam ataques na principal cidade marfinense, Abidjan, em áreas ainda controladas pelo rival Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar a Presidência.

Intensos confrontos tem sido registrados nos arredores da residência presidencial, onde testemunhas disseram ter visto uma nuvem de fumaça, e num quartel militar. Simpatizantes de Ouattara dizem ter tomado o controle da televisão estatal, que saiu do ar no fim da noite de quinta-feira.

Aliados de Gbagbo dizem que, mesmo com a intensificação da violência em Abidjan, ele ainda está na cidade.

A ONU, que ajudou a proteger Ouattara no período pós-eleitoral, disse que há relatos de que as tropas leais a ele cometeram crimes como sequestros, maus-tratos de civis, prisões arbitrárias, saques e extorsão durante seu avanço rumo a Abidjan.

Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, pediu que Ouattara mantenha controle sobre os atos praticados por seus simpatizantes.

"Ao mesmo tempo, forças pró-Gbagbo também continuam a cometer violações diárias, incluindo a morte de dois civis que supostamente foram queimados vivos por milicianos", disse Colville em comunicado. A ONU ameaçou os responsáveis pelos crimes com ações "sob a lei internacional".

Ofensiva

Segundo analistas, o risco é crescente de uma nova guerra civil e de um banho de sangue no país.

As forças leais a Ouattara, vindas do norte do país, começaram a avançar na última segunda-feira e parecem já ter tomado cerca de 80% do país. Há indícios de que milhares de militares, incluindo líderes do Exército, desertaram para o lado de Ouattara.

Segundo o correspondente da BBC John James, tudo indica que Gbagbo - que não é visto em público há semanas - esteja prestes a ser forçado a deixar o poder.

Além da ofensiva de seu adversário, Gbagbo está sob sanções impostas pela ONU, pela União Europeia e por grupos africanos, mas ainda mantém o apoio de milícias e da Guarda Republicana.

O ministro do Exterior do gabinete de Gbagbo, Alcide Djedje, disse à BBC que Gbagbo quer negociar com Ouattara - indicando que o presidente não está disposto a renunciar de imediato.

"Vamos ver as negociações primeiro, e veremos qual será o resultado das negociações. Mas nós temos um esboço de uma solução e queremos nos sentar e encontrar uma via política para encerrar a crise. Gbagbo não é o tipo de pessoa que quer manter o poder, só quer negociar a salvação das vidas dos marfinenses."

Aviação

Depois da suspensão de todos os voos no país na quinta-feira, nesta sexta-feira o governo formado por Ouattara anunciou que o tráfego aéreo pode ser retomado.

A ONU e tropas francesas tomaram o controle do aeroporto internacional de Abidjan, que está sob toque de recolher até domingo. A crise política tem raízes em problemas econômicos e humanitários no país.

Sanções externas e vetos à exportação de cacau - do qual a Costa do Marfim é a maior produtora mundial - derrubaram a economia marfinense, e os bancos estão fechados há mais de um mês.

No campo humanitário, a ONU estima que 500 pessoas já tenham morrido em episódios de violência pós-eleitoral. O conflito deixou até agora 1 milhão de deslocados, a maioria para países como Gana e Libéria.

Na noite de quinta-feira, uma sueca a serviço da ONU foi morta a tiros em sua casa em Abidjan.

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