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Líbano e Israel se reúnem para debater fronteiras marítimas

Encontro é o primeiro a ser realizado após 10 anos de negociação

14 out 2020 - 09h47
(atualizado às 10h08)
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Um encontro entre delegações do Líbano e de Israel nesta quarta-feira (14) começou a discutir de "maneira técnica" um possível acordo para a definição das fronteiras marítimas entre as duas nações.

Líbano e Israel começaram a debater a demarcação das fronteiras marítimas
Líbano e Israel começaram a debater a demarcação das fronteiras marítimas
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A rápida reunião, que durou cerca de uma hora, foi intermediada pelos Estados Unidos e ocorreu na base da Organização das Nações Unidas (ONU) em Naqura, na chamada Linha Azul de demarcação terrestre entre os dois países.

Os dois governos discutem a exploração de petróleo em uma área em que Líbano e Israel reivindicam como suas. Em 2018, após firmar um acordo internacional para a exploração de combustíveis fósseis, os libaneses teriam "invadido" a área, criando um impasse. Apesar do episódio, a disputa marítima já existe há cerca de 10 anos.

O general libanês Bassam Yassine, chefe da delegação do seu país, informou que "as discussões e negociações do traçado das nossas fronteiras seguirão o direito internacional" e que a reunião não tem "conotação política", sendo "apenas negociações técnicas indiretas". Ou seja, não há acordo de paz em pauta.

Em nota, a ONU e os Estados Unidos definiram que as conversas desta quarta "foram produtivas" e que "durante esse primeiro encontro, os representantes mantiveram seu compromisso de continuar as negociações até o fim do mês". A imprensa do Líbano informou que uma segunda rodada de reuniões será realizada no dia 28 de outubro.

- Libaneses criticam:

Pouco antes do debate desta quarta-feira, membros do movimento xiita Hezbollah, rival histórico de Israel, e do partido Amal, que é dirigido pelo presidente do Parlamento, Nabib Berri, criticaram a comissão formada pelo governo do Líbano para negociar com os israelenses.

Para eles, o grupo "não é legítimo" porque inclui membros da sociedade civil, quando deveria ser composto apenas por militares. O grupo de Beirute conta com dois militares e dois civis - o diretor da empresa estatal de petróleo e um advogado especialista em Direito Marítimo. Já do lado israelense, a comissão é formada por seis membros - entre militares e membros do governo de Benjamin Netanyahu.

Atualmente, o país vive - além da crise econômica - uma grande crise política após as explosões de agosto no Porto de Beirute.

Os libaneses estão sem um primeiro-ministro desde a renúncia de Mustapha Adib em 26 de setembro, que ocupava o cargo de maneira interina após a tragédia na capital. O ex-embaixador deixou a função por não conseguir obter um acordo político para as posições mais importantes do governo.

Por conta das diversas forças políticas e religiosas, o poder no Líbano possui uma delicada divisão sectária, com um presidente cristão maronita, um premier sunita e o presidente do Parlamento sendo muçulmano xiita.

- Crise do petróleo e fronteiras:

Atravessando uma grave crise econômica, o Líbano vê na exploração de petróleo uma forte fonte de renda e, por isso, tem pressa na celebração de um acordo para conseguir atuar no setor.

No entanto, a questão com Israel é mais complexa do que uma simples disputa marítima - como ocorre entre outras nações -, já que os dois países estão vivendo um período de cessar-fogo desde 2006. A guerra entre eles existe desde a década de 1960 e não há relações diplomáticas formais entre as partes.

Recentemente, no fim de julho, ataques entre Hezbollah e militares israelenses na chamada Linha Azul foram registrados. A área, assim como as fronteiras marítimas, também são alvo de disputa e, desde 2000, a ONU tenta intermediar a demarcação. No entanto, segundo fontes diplomáticas, as fronteiras terrestres não estão na mesa de negociações .

Ansa - Brasil   
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