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Irã prende suspeitos por queda de avião ucraniano

14 jan 2020 - 19h56
(atualizado às 22h00)
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O Irã afirmou nesta terça-feira que prendeu suspeitos pela derrubada de um avião ucraniano na semana passada, acrescentando também que foram detidas 30 pessoas envolvidas em manifestações contra o governo, que já duram quatro dias e foram desencadeadas pelo desastre.

A derrubada do voo 752 da Ukraine International Airlines, que matou todas as 176 pessoas a bordo, gerou uma nova crise para os governantes clericais da República Islâmica.

Em pronunciamento nesta terça-feira, o presidente Hassan Rouhani prometeu uma investigação minuciosa sobre o "erro imperdoável". A ação foi a mais recente de uma série de pedidos de desculpas pelo governo, embora estes tenham sido pouco efetivos para acalmar a irritação pública.

Manifestantes protestam em Teerã, em imagem obtida em rede social
11/01/2020
Foto obtida via rede social pela Reuters via REUTERS
Manifestantes protestam em Teerã, em imagem obtida em rede social 11/01/2020 Foto obtida via rede social pela Reuters via REUTERS
Foto: Reuters

Além disso, Reino Unido, França e Alemanha aumentaram a pressão diplomática sobre o Irã, dando andamento a um mecanismo de disputa que visa contestar o país por uma violação dos limites de seu programa nuclear, estipulados em um acordo abandonado pelos Estados Unidos em 2018.

O país asiático tem enfrentado uma escalada nos conflitos com o Ocidente e uma onda de distúrbios desde que os EUA mataram o mais poderoso comandante militar iraniano em um ataque a drones, conduzido em 3 de janeiro.

O Irã abateu o avião na quarta-feira passada, quando suas forças militares estavam sob alerta elevado, horas após disparar mísseis contra alvos norte-americanos no Iraque. O país admitiu o erro no sábado, após dias negando a culpa.

Novas gravações de câmeras de segurança mostram dois mísseis, disparados com um intervalo de 30 segundos, atingindo o avião logo após a decolagem, noticiou o jornal New York Times nesta terça.

Autoridades da Inteligência dos EUA haviam dito em 9 de janeiro que foram detectados sinais de calor de dois mísseis nas proximidades da aeronave.

Uma pessoa que publicou na internet um vídeo de um míssil atingindo o avião foi detida pela Guarda Revolucionária iraniana, segundo a agência de notícias semioficial Fars.

No Iraque, um campo militar em Taji, ao norte de Bagdá, foi atingido por foguetes Katyusha na noite desta terça-feira, mas não foram reportadas vítimas, disse um comunicado do exército iraquiano.

O porta-voz do Judiciário iraniano, Gholamhossein Esmaili, disse que alguns dos acusados de terem ligação com o desastre aéreo já foram presos. Ele não identificou os suspeitos, nem disse quantos foram detidos.

Desde que o país admitiu oficialmente a ação, manifestantes -- muitos deles estudantes -- vêm realizando protestos diários, nos quais entoam "Clérigos, desapareçam!" e pedem a saída do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, no poder há mais de 30 anos.

A polícia respondeu a alguns dos protestos com uma violenta repressão, mostraram vídeos publicados em redes sociais. Neles aparecem policiais espancando manifestantes com cassetetes, pessoas sendo carregadas, poças de sangue nas ruas e o som de tiros.

Um vídeo publicado nesta terça-feira mostrou um policial utilizando uma arma de choque para atacar um homem, que se contorcia no chão.

A polícia iraniana negou ter disparado contra manifestantes, afirmando que os policiais foram orientados a agir com moderação. O Judiciário do país disse que 30 pessoas foram detidas em meio aos distúrbios, mas que as autoridades mostram tolerância em relação a "protestos legais".

Os protestos desta terça-feira aparentavam ser pacíficos, com encontros em duas universidades de Teerã. "Onde está a Justiça?", bradavam alguns dos manifestantes.

É difícil precisar a extensão dos tumultos por causa dos limites impostos ao noticiário independente no país. As manifestações tendem a ganhar ímpeto à noite.

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