Implosão do submarino Titan que matou cinco pessoas era evitável, conclui investigação
Submarino é comparado a um “projeto de ensino médio” em relatório final do Conselho de Investigação da Marinha da Guarda Costeira dos EUA
Pouco mais de dois anos depois de cinco pessoas terem morrido dentro do submarino Titan, da OceanGate, que implodiu durante o que seria uma visita aos destroços do Titanic, o Conselho de Investigação da Marinha da Guarda Costeira dos Estados Unidos concluiu o relatório sobre o caso. Em um documento de mais de 300 páginas, divulgado nesta terça-feira, 5, o submarino chega a ser comparado a um “projeto de ensino médio” e é reforçado que a tragédia era evitável.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
A Guarda Costeira determinou que os principais fatores que contribuíram para a tragédia foram o “processo inadequado de design, certificação, manutenção e inspeção da OceanGate para o Titan”. O relatório também cita uma “cultura tóxica no local de trabalho” da empresa, com “um quadro regulatório doméstico e internacional inadequado para operações submersíveis” e um “processo de denúncia ineficaz sob a Lei de Proteção do Marinheiro”.
Além disso, foi descoberto que a OceanGate não investigou anomalias que o submarino apresentou no casco após uma primeira expedição, um ano antes da que levou à morte de cinco pessoas.
“Os investigadores determinaram que o sistema de monitoramento em tempo real do Titan gerou dados que deveriam ter sido analisados e autuados durante a expedição do Titanic de 2022. No entanto, a OceanGate não tomou nenhuma ação relacionada aos dados, realizou qualquer manutenção preventiva ou armazenou adequadamente o Titan durante a temporada prolongada antes de sua expedição ao Titanic de 2023”, aponta a investigação.
Em parte do documento, é pontuado que um ex-diretor de engenharia da OceanGate descreveu a construção e a operação do primeiro casco do Titan como um "projeto de ensino médio" e ressaltou a falta de conhecimento especializado na equipe que trabalhava no submarino.
“Essa falta de expertise na equipe de engenharia da OceanGate foi uma preocupação que se agravou com o tempo, já que funcionários da OceanGate com experiência em submersíveis e engenharia deixaram a empresa voluntariamente ou foram demitidos”, afirmou o relatório.
Esse fracasso da empresa em “seguir os protocolos de engenharia estabelecidos para segurança, testes e manutenção” foi citado como o “fator causal primário” para o desastre.
Relembre o caso
Em junho de 2023, o submarino da OceanGate partiu para uma expedição aos destroços do Titanic – famoso navio que afundou em 1912, localizado a aproximadamente 600 km da costa do Canadá a 3.800 metros de profundidade. A comunicação com o Titan foi perdida à 1h45m do início da expedição, mas a empresa só notificou as autoridades sobre o desaparecimento 8 horas depois, dia 18.
Estavam a bordo do submarino o bilionário britânico Hamish Harding, 58, o empresário paquistanês Shahzada Dawood, 49, e seu filho Suleiman Dawood,19, Paul-Henri Nargeolet, 73, especialista nos destroços do Titanic e mergulhador, e Stockton Rush, 61, CEO da OceanGate Expeditions.
A Guarda Costeira dos Estados Unidos encontrou os destroços do Titan no dia 22 de junho. Partes do submarino estavam a 487 metros de distância da proa do Titanic, a 3.800 metros de profundidade.
