França condiciona acordo Mercosul-UE a maior controle sobre carne e frango, a dez dias de cúpula no Brasil
A França "ainda aguarda respostas concretas" às suas solicitações sobre o acordo de livre-comércio com os países latino-americanos do Mercosul, enquanto os Estados europeus devem se pronunciar sobre o tema entre 16 e 19 de dezembro, afirmou nesta quarta-feira (10) a porta-voz do governo, Maud Bregeon. Carnes de "frango" e "bovina" estão na mira das exigências francesas para aceitação do tratado, que deve ser votado pelos europeus em 16 de dezembro, antes da cúpula do Mercosul no Brasil, em 20 de dezembro.
"Continuamos aguardando respostas concretas e eficazes sobre os três pedidos franceses: a cláusula de salvaguarda, as medidas espelho e o reforço dos controles", declarou Bregeon durante a coletiva após o conselho de ministros.
"O presidente da República fez questão de afirmar de forma extremamente clara que nenhuma forma de tolerância ou complacência" quanto à entrada no território europeu de "produtos que não estejam em conformidade com nossas regras sanitárias" será aceita, acrescentou ela, pois trata-se "da segurança alimentar e da segurança sanitária dos franceses".
Ela citou especificamente produtos como "frango" e "carne bovina", ao falar da exigência francesa de "controles reforçados". Segundo a porta-voz, "hoje é incompreensível para nossos compatriotas ouvir que produtos alimentícios (...) possam chegar ao nosso território por falta de controles, com regras sanitárias diferentes das aplicadas ao que é produzido em nosso solo".
Reforço dos controles para os franceses
A Comissão Europeia deseja obter o aval dos Estados-membros antes da cúpula do Mercosul no Brasil, em 20 de dezembro.
Ela anunciou na terça-feira (9) o reforço dos controles sobre importações agrícolas para tentar agradar a França, bem como uma atualização das regras sobre a presença de resíduos de pesticidas nas importações, apesar de sua proibição dentro da UE.
Antes de se pronunciar, os 27 países aguardam, no entanto, uma votação no Parlamento Europeu em 16 de dezembro sobre medidas de salvaguarda destinadas a tranquilizar os agricultores, que se opõem fortemente a esse tratado.
A Comissão Europeia já havia anunciado, em setembro, esse dispositivo de "monitoramento reforçado" de produtos agrícolas expostos ao acordo comercial, como carne bovina, frango, arroz, mel, ovos, alho, etanol e açúcar, prometendo intervir em caso de desestabilização do mercado.
Os Estados europeus já aprovaram essa cláusula de salvaguarda, sobre a qual os eurodeputados se debruçarão em meados de dezembro.
Se o Parlamento apoiar esse dispositivo, os Estados europeus deverão se pronunciar sobre o conjunto do acordo comercial com o Mercosul entre 16 e 19 de dezembro, segundo fontes europeias.
Com AFP