Exército de Israel ordena retirada de civis da Cidade de Gaza antes de ofensiva militar
O Exército israelense ordenou, que os moradores da Cidade de Gaza fugissem para uma "zona humanitária" no sul do território
O Exército de Israel ordenou que civis da Cidade de Gaza se desloquem para uma "zona humanitária" no sul antes de uma ofensiva militar, enquanto o conflito intensifica-se e negociações internacionais ocorrem sobre reféns e condições humanitárias.
O Exército israelense ordenou, neste sábado, 6, que os moradores da Cidade de Gaza fugissem para uma "zona humanitária" no sul do território, antes de uma ofensiva planejada para tomar o controle da localidade que é o maior centro urbano da região. Os militares não divulgaram um cronograma para o ataque e indicaram que ele não será anunciado previamente, a fim de preservar o elemento surpresa.
"Aproveitem esta oportunidade para se deslocarem rapidamente para a zona humanitária de Al-Mawasi e se juntarem às milhares de pessoas que já se encontram lá", declarou o porta-voz militar Avichay Adraee, por meio das redes sociais.
O Exército também afirmou que Al-Mawasi, localizada na costa sul de Gaza, dispõe de hospitais de campanha, oleodutos e instalações de dessalinização da água do mar, além de fornecimento contínuo de alimentos, tendas, medicamentos e equipamentos médicos.
Segundo os militares, os esforços de assistência humanitária no local "continuarão em cooperação com a ONU e organizações internacionais, paralelamente à ampliação da operação terrestre".
Embora Israel tenha declarado Al-Mawasi como zona segura no início do conflito, ataques repetidos foram realizados na área desde então, sob a justificativa de que tinham como alvo combatentes do Hamas escondidos entre civis.
Moradores da Cidade de Gaza relataram à AFP, neste sábado, que acreditam que pouco importa permanecer ou fugir.
"Alguns dizem que devemos partir, outros dizem que devemos ficar", afirmou Abdel Nasser Mushtaha, de 48 anos, morador do bairro de Zeitun, atualmente abrigado em uma tenda na região de Rimal.
"Mas em toda Gaza há bombardeios e mortes. Nos últimos dezoito meses, os piores ataques, que resultaram em massacres de civis, ocorreram justamente em Al-Mawasi, a chamada zona humanitária", acrescentou.
"Para nós, isso já não faz diferença", disse sua filha, Samia Mushtaha, de 20 anos. "Onde quer que vamos, a morte nos acompanha — seja pelos bombardeios ou pela fome."
Negociações
O apelo militar ocorre em meio à intensificação das operações israelenses nos arredores da Cidade de Gaza, apesar da crescente pressão interna e internacional para pôr fim ao conflito, que já dura quase dois anos.
No mês passado, o Hamas aceitou uma proposta de cessar-fogo temporário e a libertação escalonada de reféns. No entanto, Israel exigiu que o grupo islamista libertasse todos os reféns de uma só vez, se desarmasse e renunciasse ao controle de Gaza, entre outras condições.
Na Casa Branca, na sexta-feira, 5, o presidente Donald Trump afirmou que os Estados Unidos estão em negociações com o Hamas sobre os reféns mantidos em Gaza.
"Estamos em negociações muito profundas com o Hamas", disse Trump a jornalistas no Salão Oval. "Pode ser que alguns reféns tenham morrido recentemente — é o que estou ouvindo. Espero que isso esteja errado, mas há mais de 30 corpos envolvidos nesta negociação", declarou.
Durante o ataque do Hamas a Israel, em outubro de 2023, militantes fizeram 251 reféns. O Exército israelense afirma que 47 ainda permanecem em Gaza, incluindo 25 que se acredita estarem mortos.
"Dissemos: libertem todos agora mesmo, libertem todos, e coisas muito melhores acontecerão para eles", afirmou Trump.
"Mas, se não libertarem todos, será uma situação difícil, desagradável."
Deslocamentos e desastre humanitário
A ONU estima que cerca de um milhão de pessoas ainda estejam dentro ou nos arredores da Cidade de Gaza, onde declarou estado de fome no mês passado. A organização alertou para um "desastre iminente" caso a ofensiva seja levada adiante.
Israel afirmou esperar que a operação provoque o deslocamento de mais um milhão de pessoas para o sul do território.
A grande maioria da população de Gaza — mais de dois milhões de habitantes — já foi deslocada pelo menos uma vez desde o início da guerra.
(Com AFP)