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Europa

Refugiados são alvo de esquema de prostituição em Berlim

Jovens com dificuldades financeiras são aliciados por agentes de segurança de centros de acolhimento

25 out 2017 - 12h47
(atualizado às 15h48)
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Foto: iStock

Funcionários de empresas de segurança responsáveis por centros de acolhimento a refugiados em Berlim estariam aliciando jovens migrantes para trabalhar na prostituição, denuncia uma reportagem da emissora pública alemã ZDF divulgada nessa terça-feira (24/10).

Assistentes sociais, refugiados e funcionários das empresas de segurança afirmam que os guardas estariam agenciando inclusive menores de idade, que participariam de um esquema de prostituição na capital alemã. Segundo um funcionário da segurança, o alvo seriam particularmente jovens do sexo masculino.

Os agentes de segurança receberiam uma comissão por cada jovem que conseguissem envolver no esquema. "Eles precisam ter certa idade e atraentes, com 16 anos ou mais. Quanto mais jovens, mais caros", afirmou um guarda de segurança à reportagem. Um dos agentes contou que ganha 20 euros a cada jovem aliciado.

Os depoimentos foram corroborados por diversos refugiados nos centros de acolhimento. Um requerente de asilo afegão de 20 anos, que teve seu pedido negado, contou que um guarda de segurança o abordou com uma oferta.

"Quer fazer negócio? Ganhar um dinheiro?", teria dito o agente ao jovem. "Ele me disse que podia ganhar 30 euros com uma mulher, talvez 40." O refugiado se diz envergonhado pelo que fez, mas diz que precisava do dinheiro.

Uma assistente social num centro de acolhimento do bairro berlinense de Wilmersdorf disse que monitora as negociações dos agentes com os refugiados. Ela contou que viu um guarda dar dinheiro a alguns moradores do local. Ao conversar com eles sobre o ocorrido, eles teriam confirmado a ela a existência do esquema de prostituição, envolvendo inclusive menores de idade.

A Secretaria de Integração, Trabalho e Questões Sociais de Berlim já havia relatado à imprensa que havia suspeitas reais de um esquema de prostituição. O órgão afirma que, apesar de não ter encontrado provas, trabalhará para eliminar essa prática e iniciará um debate com as partes envolvidas, assistentes sociais e de educação e distribuirá folhetos informativos para aumentar a conscientização sobre o problema.

Instituições de caridade relataram um aumento no número de jovens migrantes que acabam se prostituindo na Alemanha. O parque Tiergarten em Berlim se tornou um ponto de prostituição, onde homens mais velhos vão em busca de meninos.

O porta-voz do governo alemão Steffen Seibert pediu que as acusações sejam investigadas. "Levamos isso muito a sério porque é totalmente inaceitável a exploração das dificuldades materiais que muitos refugiados e migrantes atravessam", afirmou.

Em setembro, as Nações Unidas denunciaram que mais de 75% dos jovens migrantes que se encaminham para a Europa enfrentam problemas como trabalho forçado, abuso sexual, casamentos infantis e outras formas de exploração.

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