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Na contramão da política migratória europeia, Espanha aposta em inserção de estrangeiros pelo trabalho

Enquanto quase todos os países do continente europeu se fecham para a imigração — e a própria União Europeia adota uma política cada vez mais rígida em relação ao acolhimento de estrangeiros — a Espanha tem se tornado uma exceção, como indica um estudo publicado esta semana. A imigração constitui hoje uma alavanca essencial para enfrentar o envelhecimento populacional do país, sustentar o crescimento econômico e atender às demandas do mercado de trabalho.

2 set 2025 - 15h09
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Enquanto quase todos os países do continente europeu se fecham para a imigração — e a própria União Europeia adota uma política cada vez mais rígida em relação ao acolhimento de estrangeiros — a Espanha tem se tornado uma exceção, como indica um estudo publicado esta semana. A imigração constitui hoje uma alavanca essencial para enfrentar o envelhecimento populacional do país, sustentar o crescimento econômico e atender às demandas do mercado de trabalho.

Mohamed Es-Saile, 38, do Marrocos, posa em uma fábrica de alimentos em Guissona, Lleida, Espanha, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025.
Mohamed Es-Saile, 38, do Marrocos, posa em uma fábrica de alimentos em Guissona, Lleida, Espanha, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025.
Foto: AP - Joan Mateu Parra / RFI

A Espanha tem se destacado por sua política migratória pragmática, focada na imigração para trabalho e baseada na inclusão pelo emprego. Programas sucessivos de regularização em larga escala permitiram a integração de centenas de milhares de trabalhadores marginalizados — sem gerar um fator de atração —, com impacto positivo comprovado nas finanças públicas e no crescimento econômico.

É o que aponta um estudo conduzido por Tania Racho, pesquisadora em direito europeu, consultora independente especializada em questões de asilo e direitos fundamentais, e assessora no Tribunal Nacional de Direito de Asilo; e por Antoine de Clerck, consultor independente em estratégia e defesa do impacto social das organizações.

Em entrevista à RFI, de Clerck explica que essa escolha consciente do país baseia-se, em grande parte, na tradição de diálogo social entre o Estado, sindicatos e organizações patronais, além do envolvimento das autoridades locais.

No entanto, o acesso aos direitos permanece desigual, e os procedimentos administrativos são frequentemente complexos.

Pragmatismo espanhol

Através do estudo, os pesquisadores perceberam que a Espanha adota uma atitude pragmática em relação à imigração, diferente da maioria dos países europeus, como França e Alemanha.

"Há alguns anos, a Espanha se deu conta de que enfrentava uma queda demográfica — aliás, o mesmo que a França está enfrentando hoje", afirma o pesquisador.

Há mais de uma década, o número de mortes na Espanha supera o de nascimentos. O país também apresenta uma economia ativa, que continuou a progredir nos últimos anos, analisa Antoine de Clerck.

Diante desses dois fenômenos conjugados, "a Espanha recorreu à imigração pelo trabalho, que permite compensar a queda da população" e, ao mesmo tempo, "aumentar o número de ativos que contribuem para a aposentadoria dos inativos", acrescenta.

Segundo o especialista, os estrangeiros são essenciais em setores em expansão e com escassez de mão de obra, como hotelaria, restaurantes, construção civil e agricultura.

Antoine de Clerck explica que a Espanha "não conhecia o que era imigração até os anos 1980". Segundo ele, a chegada de estrangeiros se acelerou nos últimos 30 anos. "Hoje, o país é o principal destino de imigrantes na Europa, sendo que 19% de sua população é composta por estrangeiros", calcula.

Essas pessoas têm perfis e origens muito diversos, como América Latina, Marrocos e Leste Europeu.

Em comparação, na França, 13% da população é formada por imigrantes.

Regularização 

O governo espanhol tem facilitado a regularização de trabalhadores sem documentos. Ao todo, 1,5 milhão de pessoas foram regularizadas nos últimos 30 anos. Mais 900 mil devem ser regularizadas nos próximos três anos.

Mas a abertura aos estrangeiros não significa que a vida dos imigrantes seja fácil no país, destaca Antoine de Clerck.

As maiores dificuldades estão no acesso ao registro de permanência, que continua sendo um dos principais obstáculos enfrentados por quem busca estabilidade legal e social na Espanha.

Paradoxo geográfico

A posição geográfica da Espanha a torna uma porta de entrada estratégica para o Espaço Schengen.

A gestão das rotas migratórias — particularmente em Ceuta, Melilla e nas Ilhas Canárias — é marcada por tensões recorrentes e práticas controversas.

Acordos bilaterais com países de origem e de trânsito, especialmente com o Marrocos, são acompanhados por políticas de cooperação em matéria de segurança e readmissão, dentro de um contexto europeu limitado. Além disso, a capacidade de acolhimento continua insuficiente.

Apesar da ascensão do discurso anti-imigração, fortemente impulsionado pelo partido de extrema direita Vox, a opinião pública espanhola permanece majoritariamente favorável à acolhida de imigrantes — impulsionada pela percepção do papel econômico positivo que eles desempenham na sociedade.

A mídia, as ONGs e a Igreja contribuem para essa dinâmica. Segundo o estudo, o atual governo espanhol, liderado pelo socialista Pedro Sánchez, promove um discurso humanista em um contexto europeu cada vez mais polarizado, marcado por políticas de restrição e rejeição à imigração.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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