Caçula do ex-presidente condenado, Louis Sarkozy flerta com extrema direita ao disputar prefeitura na França
Filho caçula do ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, Louis, 28 anos, tenta conquistar a prefeitura de Menton, cidade francesa na Riviera, marcada por escândalos políticos e onde o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, é favorito. Com propostas e declarações excêntricas, ele divide opiniões e provoca polêmica na França.
Louis Sarkozy, filho mais novo de Nicolas Sarkozy, decidiu disputar a prefeitura de Menton, cidade com cerca de 31 mil habitantes na Côte d'Azur, próxima à fronteira italiana e a poucos quilômetros do principado de Mônaco. Menton é conhecida pelo turismo, pela "Festa do Limão" e por uma identidade local forte, mas também por escândalos políticos recentes — cenário que favorece o avanço da extrema direita francesa dominada pelo clã Le Pen desde os anos 1970.
Admirador de Napoleão e do presidente argentino Javier Milei, Louis terá dificuldade para mobilizar forças centristas ou de esquerda na França contra o partido Reunião Nacional (RN) — ainda mais depois que seu pai, Nicolas Sarkozy, declarou-se contrário à formação de uma "nova frente republicana" contra a extrema direita.
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Apesar do apoio do LR, ainda falta convencer o eleitorado de direita, que olha torto para o filho do ex-presidente, recém-saído da prisão e que declarou em seu livro,"Diário de um prisioneiro", também recém-lançado, que "não podemos esquecer o eleitorado de Marine Le Pen" na França. O ex-presidente é esperado em Menton para autografar a publicação.
Louis tenta unir a direita local (e seus extremos) em torno do seu nome. Por enquanto, obteve apenas o apoio do partido de seu pai, Os Republicanos (LR), mesmo sem estar filiado à legenda, e apesar de dividir opiniões controversas nas redes sociais, onde também gosta de exibir suas tatuagens. Ele já defendeu legalizar todas as drogas para controlar o tráfico, criar um serviço militar obrigatório para "pequenos delinquentes" [além de imigrantes], e reduzir drasticamente o Código de Trânsito para "responsabilizar motoristas" — suprimindo, inclusive, os semáforos.
Mas o sobrenome Sarkozy abre portas na Riviera. Quando Louis passeia pela feira de Natal, atrai olhares e curiosos que tiram fotos do filho de ex-presidente, conhecido como cronista em programas de TV. Cercado por uma equipe jovem, ele não aborda os eleitores como um político experiente, mas recebe com atenção quem se aproxima. Alguns criticam o fato de o candidato não ser oriundo da região, enquanto outros o apelidam de "norte-americano", já que Louis cresceu nos Estados Unidos após a separação dos pais. Outros demonstram curiosidade.
"Eu gostava do Nicolas Sarkozy, então estou contente que o filho dele venha para Menton", diz uma jovem de 25 anos, gerente de loja em Mônaco, que prefere não se identificar. Ela representa uma nova geração atraída pelos milhares de empregos criados anualmente no principado vizinho.
"Temos muitos jovens conosco. Somos a prova de que Menton não é mais uma cidade de velhos", insiste Louis Sarkozy. "E as pessoas querem novidade."
Cidade em crise e eleitorado dividido
Após três décadas dirigida por Jean-Claude Guibal, do partido conservador Os Republicanos (LR), a morte súbita do "barão local" em 2021 mergulhou Menton em turbulência. Projetos estagnaram, escândalos se multiplicaram e o atual prefeito, Yves Juhel, será julgado em março por desvio de verbas públicas. Dois museus estão fechados há anos, concessões de praia foram suspensas e um hotel cinco estrelas segue em obras intermináveis. Soma-se a isso a pressão migratória na fronteira, embora os migrantes sejam rapidamente devolvidos à Itália.
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O contexto parece favorecer a deputada Alexandra Masson, advogada de 54 anos, ex-militante do partido LR que migrou para o Reunião Nacional (de extrema direita). Eleita em 2022 e reeleita já no primeiro turno no ano passado, ela conquistou 56% dos votos em Menton. Em 2020, a candidata, apoiada pelo RN, havia obtido 44% no segundo turno.
Na feira de Natal, Masson para em todas as barracas, cumprimenta todo mundo, parece conhecer a cidade inteira e multiplica promessas de transformar esse "pequeno tesouro" da Riviera Francesa em vitrine de boa gestão. "Ela representa a renovação", afirma Élisabeth Kestemont, aposentada de 70 anos. "Já o Louis Sarkozy incomoda muitos moradores de Menton. Ele só quer um trampolim."
Com AFP
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