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Queens: o distrito nova-iorquino que fala mais de 160 idiomas

14 mai 2017 - 10h13
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Com 2,3 milhões de habitantes procedentes de todos os continentes, o multicultural distrito de Queens, em Nova York, se apresenta como a área urbana com maior diversidade linguística dos Estados Unidos.

Segundo a prefeitura de Nova York, no Queens, onde quase metade dos moradores nasceu em outro país, são faladas mais de 160 línguas, especialmente espanhol, chinês, coreano, russo, italiano, tagalog (das Filipinas) e grego.

A pluralidade étnica do distrito, o mais extenso da cidade de Nova York, é tão grande que cada bairro pode ser identificado com os idiomas e dialetos falados por seus moradores. Um simples passeio por uma das principais avenidas do Queens se transforma em uma viagem por diferentes culturas e latitudes.

A avenida Roosevelt, no nordeste do Queens, atravessa bairros como Elmhurst, Jackson Heights e Corona, nos quais se concentram a maior proporção de imigrantes. Falantes de espanhol, nepalês, tibetano, javanês e indonésio compartilham um mesmo código postal.

A região está conectada com o centro da cidade pela linha 7 do metrô, conhecida como "International Express" pela significativa presença de turistas de diferentes países, em sua maioria chineses, equatorianos, mexicanos, colombianos e bengaleses.

"Há muita diversidade e você encontra muitas pessoas de seu próprio país. Isso torna a vida aqui mais cômoda", disse Sudip Plama, um jovem nepalês que mora em Jackson Heights.

A grande diversidade demográfica e cultural do distrito se mostra em cada esquina: bancos, lojas e restaurantes com trabalhadores de raças diferentes, música vibrante e variedade, bem como panfletos e cartazes no transporte público em dezenas de idiomas.

A população do Queens recebe informações sobre assuntos de saúde, segurança e processos eleitorais em várias línguas, o que facilita a vida daqueles que não dominam o inglês, como é o caso de Irina Saduakasova e seu marido, Pirjas, que saíram do Cazaquistão há 14 anos para morar nos Estados Unidos.

"Nas farmácias, nos restaurantes e nos hospitais, sempre há alguém que te atende em russo ou que pode fazer a tradução. Isso faz com que seja muito fácil viver aqui", destacou Saduakasova.

O casal pertence à grande comunidade de expatriados de ex-repúblicas soviéticas que mora nos bairros de Rego Park e Forest Hills, onde russos, uzbeques, búlgaros e ucranianos têm uma representação bastante relevante.

Para atender essa demanda, a biblioteca pública do Queens possui uma enorme coleção de obras em mais de 40 idiomas. São mais de 40 mil livros em línguas do sudeste asiático, tais como o hindi, o bengali, o guzerate, língua materna de Mahatma Ghandi, e o urdu, um dos idiomas oficiais do Paquistão.

O distrito conta, além disso, com sua própria "Chinatown", situada no bairro de Flushing. Na região, a maioria dos moradores é de origem asiática e por lá não é possível escutar somente mandarim, mas também dialetos como o cantonês.

Para encontrar línguas em risco de extinção não é preciso percorrer os locais mais remotos do planeta ou visitar povos indígenas que não têm contato com o mundo moderno: basta explorar com afinco a cidade de Nova York.

A Aliança do Idioma em Perigo (ELA, na sigla em inglês) calcula que Nova York pode abrigar pessoas que falam 800 idiomas diferentes, alguns deles não documentados ou que são de conhecimento de apenas poucas pessoas que vivem no Queens.

Um exemplo é o chavacano, língua derivada do espanhol crioulo nas Filipinas, e o bujaro, um dialeto do persa falado pelos judeus bujaris, agora mais numerosos no Queens do que em sua região de origem.

Além disso, no bairro de Corona, o maior reduto da comunidade mexicana na cidade, residem algumas das poucas famílias que ainda falam dialetos indígenas como o zapoteco, o totonaco e o cuicateco, segundo dados da ELA.

Por esses motivos, o Queens é considerado uma meca para os linguistas, um local onde se mantém viva a história, a cultura e a identidade de povos muito diversos. Ao mesmo tempo, o distrito é um lugar no qual várias línguas lutam por sua sobrevivência.

EFE   
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