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Especial/A migração em massa elevou a criminalidade na Itália?

Políticos nacionalistas costumam relacionar os dois fatores

26 mar 2019 - 21h11
(atualizado às 21h24)
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Responsável pelas políticas de segurança da Itália, o ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini gosta de usar o Twitter para dar publicidade a crimes cometidos por imigrantes ou solicitantes de refúgio.

Desembarque de migrantes em Pozzallo, na Sicília
Desembarque de migrantes em Pozzallo, na Sicília
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A tática, replicada por líderes nacionalistas de toda a Europa, tenta relacionar a explosão migratória a um suposto crescimento da criminalidade, mas os números mostram que, ao menos na Itália, nem sempre uma coisa tem conexão com a outra.

Entre 2013 e 2018, o país recebeu 691 mil migrantes forçados pelo Mar Mediterrâneo, segundo o Ministério do Interior, enquanto o número de estrangeiros em sua população saltou de 4,38 milhões para 5,14 milhões, um crescimento de mais de 17%.

Nesse período, no entanto, os índices de criminalidade vêm caindo de forma contínua, como mostram dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (Istat).

Em 2013, o país registrou 0,8 homicídio doloso para cada 100 mil habitantes (502 casos denunciados pela polícia à Justiça), indicador que chegou a 0,6 em 2017 (368), último ano com números disponíveis.

Já a taxa de latrocínios foi de 0,1 para cada 100 mil habitantes (33 denúncias) em 2013, mas em 2017, com 16 casos, sequer atingiu a metade do valor mínimo considerado, segundo o Istat. O índice de tentativas de homicídio caiu de 2 (1.222 casos) para 1,8 (1.098) a cada 100 mil habitantes em quatro anos.

A mesma tendência se verifica nos crimes de agressão (de 25,9 para 23,4 a cada 100 mil habitantes), sequestro (de 2,2 para 1,7), furto (de 2.581,2 para 2.090,8) e roubo (de 72,6 para 50,5).

As exceções são os delitos de violência sexual, cuja taxa cresceu de 7,5 em 2013 (4.488 casos) para 7,7 em 2017 (4.634), e os crimes ligados a drogas, que saltaram de 55,7 a cada 100 mil habitantes (33.578 casos) para 65,4 (39.592) no mesmo período.

Estrangeiros

Os números do Istat também revelam que a parcela de estrangeiros na população italiana aumentou de forma contínua de 7,35% em 2013 para 8,50% em 2018, mas, por outro lado, a porcentagem de crimes cometidos por imigrantes permanece relativamente estável, embora elevada.

Em 2013, estrangeiros respondiam por 20,77% dos homicídios dolosos denunciados à Justiça da Itália, mas em 2016, último ano com dados disponíveis, esse número já era de 19,84%.

Também houve ligeira queda nos índices relativos a lesões (de 23,43% para 22,34%), violência sexual (de 39% para 38,26%), furtos (de 50,02% para 42,69%), roubos (de 38,63% para 36,66%) e drogas (37,18% para 36,23%).

Por outro lado, os dados evidenciam aumentos na parcela de estrangeiros que cometeram latrocínios (de 42,85% para 46,42%), tentativas de homicídio (de 31,88% para 32,76%) e sequestro (de 38,52% para 40,26%).

Ansa - Brasil   
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