'É preciso lutar': manifestantes em Israel pedem acordo para libertar reféns e fim da guerra em Gaza
Manifestações estão sendo realizadas neste domingo (17) em várias cidades de Israel para exigir que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu encerre a guerra na Faixa de Gaza e negocie um acordo para a libertação dos reféns mantidos no território. A mobilização nacional, que envolve greve geral e bloqueios por todo o país, iniciada pelo Fórum de Famílias de Reféns, ocorre depois que Israel anunciou um plano para tomar o controle da Faixa de Gaza.
Manifestações estão sendo realizadas neste domingo (17) em várias cidades de Israel para exigir que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu encerre a guerra na Faixa de Gaza e negocie um acordo para a libertação dos reféns mantidos no território. A mobilização nacional, que envolve greve geral e bloqueios por todo o país, iniciada pelo Fórum de Famílias de Reféns, ocorre depois que Israel anunciou um plano para tomar o controle da Faixa de Gaza.
Com informações dos correspondentes da RFI em Israel, Michel Paul e Nicolas Falez
O dia de paralisação e protestos em Israel começou às 6h29 (horário local), marcando o início das mobilizações pela libertação dos reféns israelenses ainda mantidos pelo Hamas. O horário não foi escolhido por acaso: foi exatamente às 6h29 que teve início o massacre de 7 de outubro de 2023.
Desde as primeiras horas da manhã deste domingo, dezenas de bloqueios de estradas foram registrados, enquanto marchas e manifestações de diversos tipos estão previstas ao longo do dia, após o Fórum das Famílias de Reféns convocar uma greve geral.
O principal ato está programado para o início da noite em Tel Aviv, onde uma enorme bandeira israelense, estampada com retratos de pessoas sequestradas, foi estendida na chamada "Praça dos Reféns". Diversas instituições anunciaram adesão ao movimento, incluindo grandes prefeituras como Tel Aviv e Haifa, além de universidades, justamente no momento em que o governo anunciou a intenção de tomar o controle da cidade de Gaza e campos de refugiados vizinhos.
Essa decisão provocou temor entre as famílias dos reféns, que receiam que a operação possa resultar na morte de seus entes queridos.
Sindicatos não aderem ao movimento
Entrevistada pela RFI, Dafna diz estar determinada a fazer sua voz ser ouvida. Ela já se mobiliza há dois anos pelo fim da guerra e pela libertação dos reféns, e não pretende desistir:
"É um dia sem trabalho para que o governo entenda que a população não aguenta mais o que está acontecendo com os reféns. Não devemos comprar, nem gastar dinheiro. Vamos realmente fazer um dia de greve geral. Precisamos tentar de tudo para que o governo mude de política, traga os reféns de volta e encerre a guerra", declarou a mulher.
No entanto, algumas famílias de reféns não aderiram à greve, assim como muitas empresas, especialmente do setor de tecnologia, e até mesmo os sindicatos.
Embora muitos locais de trabalho tenham deixado a decisão a cargo dos funcionários, a Histadrut, principal central sindical israelense, não se juntou oficialmente ao movimento, embora tenha declarado apoio à causa.
No passado, a Histadrut saiu prejudicada ao convocar paralisações em apoio aos reféns e contra a reforma do Judiciário. Isso explica sua postura mais cautelosa desta vez, o que indica que a greve deve afetar apenas parte do país
"É preciso lutar, não temos escolha"
"É decepcionante que nem todos tenham aderido à greve", avalia Yossi Havilio, vice-prefeito de Jerusalém. "A Histadrut poderia ter feito mais. [...] O prefeito autorizou, a nosso pedido, uma paralisação de uma ou duas horas, então pedi aos funcionários que viessem protestar".
Em todo o país, não é fácil se fazer ouvir quando se carrega uma mensagem pelo fim da guerra. "Em Jerusalém, somos minoria", continua Havilio. "A maioria é composta por ultraortodoxos e pela direita. O prefeito é relativamente moderado, mas está sob pressão desses grupos. É preciso lutar, não temos escolha", declara.
A polícia israelense informou que está se preparando para as manifestações com reforço nas forças de segurança. "Milhares de policiais e soldados das forças de segurança de fronteira serão mobilizados em todo o país e em diversos locais ao longo do dia", diz um comunicado.
Dos 251 reféns capturados durante o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino em Israel, em 7 de outubro de 2023, 49 continuam detidos em Gaza, dos quais 27 já foram declarados mortos, segundo o Exército israelense.