Donbass e usina de Zaporíjia são decisivos para finalizar acordo de paz na Ucrânia, diz enviado dos EUA
O general aposentado Keith Kellogg, emissário especial do presidente norte-americano Donald Trump, declarou neste domingo (7) que um acordo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia está "muito próximo". Segundo ele, restam apenas duas questões decisivas para que as negociações avancem: o futuro da região do Donbass e o destino da usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa.
Kellogg, que deve deixar o cargo em janeiro, fez a declaração durante o Reagan National Defense Forum, evento realizado na Califórnia. O militar comparou o estágio atual das negociações a uma corrida: "Estamos nos últimos dez metros, que são sempre os mais difíceis", disse.
Territórios ocupados pela Rússia
De acordo com dados oficiais, as forças russas controlam atualmente cerca de 19,2% do território ucraniano. Entre as áreas ocupadas estão:
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A Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
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A totalidade da província de Luhansk.
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Cerca de 75% das regiões de Kherson e Zaporíjia.
O Donbass, região historicamente industrial e de maioria russófona, é formado principalmente pelos oblasts de Donetsk e Luhansk. Desde 2014, após a anexação da Crimeia, o local se tornou o epicentro da guerra, com grupos separatistas apoiados por Moscou enfrentando as forças de Kiev.
A usina de Zaporíjia
Outro ponto crítico é a usina nuclear de Zaporíjia, ocupada por tropas russas desde março de 2022. A instalação, responsável por uma parte significativa da energia elétrica da Ucrânia antes da guerra, preocupa a comunidade internacional devido ao risco de acidentes e à dificuldade de manutenção sob controle militar. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) mantém equipes no local para monitorar a segurança, mas já alertou para a vulnerabilidade da estrutura diante dos combates.
Negociações e contatos diplomáticos
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky afirmou no sábado ter mantido uma conversa "longa e substancial" com Steve Witkoff, enviado especial de Trump, e com Jared Kushner, genro do presidente norte-americano. O diálogo reforça a tentativa de Washington de acelerar um acordo que, segundo Trump, poderia ser alcançado em até 100 dias de governo.
O conflito mais mortal na Europa desde 1945
A guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 com a invasão russa, é considerada o conflito mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Milhares de civis e militares já perderam a vida, e milhões de pessoas foram deslocadas, provocando uma crise humanitária sem precedentes no continente.
Perspectivas
Apesar das declarações otimistas de Kellogg, especialistas alertam que a Rússia dificilmente abrirá mão de territórios conquistados, especialmente no Donbass e na Crimeia. Para Kiev, qualquer acordo que não garanta a integridade territorial plena é visto como uma derrota. Ainda assim, o avanço das conversas sinaliza uma possível mudança de cenário após quase quatro anos de guerra.
Com AFP