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Dissidente chinês ganhador do Nobel da Paz Liu Xiaobo morre aos 61 anos

13 jul 2017 - 12h48
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O ganhador chinês do Nobel da Paz Liu Xiaobo, dissidente proeminente desde os protestos pró-democracia da Praça Tiananmen em 1989, morreu nesta quinta-feira da falência múltipla de órgãos, após não receber permissão para deixar o país para tratar de um câncer de fígado em estado avançado.

Liu, de 61 anos, foi condenado a 11 anos de prisão em 2009 por "incitar a subversão do poder do Estado", depois de ter ajudado a escrever uma petição conhecida como "Estatuto 08" pedindo por amplas reformas políticas.

Já gravemente doente, ele foi transferido no mês passado da prisão para um hospital na cidade de Shenyang para receber tratamento.

O departamento jurídico de Shenyang afirmou em um breve comunicado em seu site que Liu sofreu uma falência múltipla de órgãos e que esforços para salvá-lo fracassaram.

Apesar de receber diversas formas de tratamento, sua doença continuou a se agravar, acrescentou.

O hospital que o tratava confirmou, em um comunicado separado, a causa da morte.

A líder do Comitê Norueguês do Nobel, que concedeu o prêmio da paz em 2010 para Liu, disse que o governo chinês tem uma grande responsabilidade por seu falecimento.

"Consideramos profundamente perturbador que Liu Xiaobo não tenha sido transferido para uma instalação onde poderia receber tratamento médico adequado antes de se tornar um doente terminal", disse Berit Reiss-Andersen.

"O governo chinês tem uma grande responsabilidade por sua morte prematura", disse ela em um comunicado enviado por email.

A China disse à época que o prêmio de Liu era uma "obscenidade", que não devia ter sido concedido a um homem classificado por Pequim de criminoso e subversivo.

Carl von Ossietzky, um pacifista que morreu em 1938 na Alemanha nazista, foi o último vencedor do Prêmio Nobel da Paz a viver seus últimos dias sob vigilância estatal.

Grupos de direitos humanos e governos ocidentais vinham exortando a China a permitir que Liu e sua esposa, Liu Xia, deixassem o país para que ele fosse tratado no exterior, como Liu disse desejar.

Mas o governo alertou várias vezes contra qualquer interferência e disse que o ativista estava sendo cuidado por especialistas em câncer chineses renomados.

Pequim até permitiu que dois médicos estrangeiros, dos Estados Unidos e da Alemanha, visitassem Liu no sábado, e mais tarde eles disseram considerar seguro transferir o paciente ao exterior.

Os médicos afirmaram que Liu e sua família pediram que o restante de seu tratamento fosse realizado nos EUA ou na Alemanha.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, pediu à China que garanta a liberdade de movimento da esposa Liu Xia e permita que ela viaje para o exterior, se assim o desejar. Liu Xia vive em prisão domiciliar desde 2010.

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