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Como o Kuwait se uniu depois de ataque

30 jun 2015 - 17h56
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Depois do ataque suicida contra uma mesquita, no final da semana passada, muitos kuwaitianos foram às redes sociais para manifestar o repúdio ao sectarismo e pedir a união do país.

Um kuwaitiano se inclina sobre o caixão de um familiar morto durante o ataque contra uma mesquita na última sexta-feira
Um kuwaitiano se inclina sobre o caixão de um familiar morto durante o ataque contra uma mesquita na última sexta-feira
Foto: Getty

O suicida, que as autoridades do país afirmam ser da Arábia Saudita, atacou a mesquita xiita em um país onde a maioria dos fieis é muçulmano sunita. O ataque deixou pelo menos 27 mortos e mais de 200 feridos.

O que poderia ter dividido o país acabou unindo a população nas ruas da capital, Cidade do Kuwait, e na web.

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram nas redes sociais a favor da união nacional.

Uma hashtag em árabe que pode ser traduzida como "uma fileira" foi usada mais de 10 mil vezes desde o ataque. A ideia por trás da hashtag é que todos os kuwaitianos devem se unir, como um Exército, para derrotar o extremismo.

"Terrorismo não tem uma religião ou nacionalidade. Então não vamos atribuir atividades criminosas como esta a um certo segmento da sociedade e dirigir nossa raiva contra eles", afirmou no Twitter o usuário @hamedalbader.

Também surgiram hashtags como "Kuwait é um" e "Kuwait é forte", que foram para os trending topics.

Muitos repetiram nas redes sociais as palavras do emir do país, Sabah al-Ahmad al-Jaber al-Sabah, que visitou a mesquita logo depois do ataque e teria dito, a respeito das vítimas: "Eles são meus filhos".

Também houve muitos compartilhamentos do vídeo do jornalista xiita e apresentador Abdullah Boftain, que falou pouco depois do ataque ainda em frente à mesquita, pedindo às pessoas que não culpassem os sunitas.

Boftain afirmou que a culpa deve ser apenas do 'Estado Islâmico', que assumiu a responsabilidade pelo ataque.

"O país precisa de nossa união, o que está sendo atacado hoje é o Islã... não os xiitas nem os sunitas", afirmou.

Os xiitas são entre 30% e 40% da população do Kuwait. Durante o fim de semana apareceram vários vídeos, tanto de xiitas como de sunitas, rezando juntos, além de vídeos de longas filas de kuwaitianos, xiitas e sunitas, esperando para doar sangue para as vítimas do ataque.

O jornalista Ghannam Al-Ghannam perdeu um amigo próximo, Ali Rabi Al-Nasser, no ataque contra a mesquita.

Ele disse à BBC que o fato de que ele é um sunita e seu amigo xiita nunca foi algo que sequer passou pela sua cabeça.

Mas o jornalista acrescentou que, depois que um ataque do 'Estado Islâmico' contra uma mesquita xiita na Arábia Saudita no começo do ano, ele ficou preocupado e conversou com o amigo.

"Acho melhor você começar a rezar em casa", disse Ghannam.

"Não se preocupe, vamos instalar câmeras na mesquita, vai ficar tudo bem", respondeu Ali na época.

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