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Caçadores japoneses matam 122 baleias grávidas em 'missão de pesquisa'

No total, foram 333 baleias-minke mortas em uma expedição à Antártida

30 mai 2018 - 18h37
(atualizado às 18h53)
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Caçadores japoneses capturaram e mataram 122 baleias-minke grávidas durante uma "pesquisa de campo" de verão na Antártida. Um relatório enviado à IWC, comissão internacional que regula a caça de baleias, revela que os baleeiros mataram um total de 333 animais entre novembro de 2017 e março de 2018, período em que o grupo esteve no Polo Sul.

Ativistas acusam o projeto japonês de 'caça ilegal de baleias'
Ativistas acusam o projeto japonês de 'caça ilegal de baleias'
Foto: AFP / BBC News Brasil

O Japão alega que seu projeto de captura de baleias tem "objetivos científicos", apesar de a carne dos animais ser vendida para a alimentação.

Uma decisão da Organização das Nações Unidas de 2014 condenou o que chamou de "pesquisa letal".

Em um novo "plano de pesquisa" publicado após a decisão da ONU, o país disse que é uma "necessidade científica" entender mais o ecossistema antártico por meio da coleta e da análise de animais.

Os caçadores atuam no que o país asiático chama de "Programa de Pesquisa de Baleias no Oceano Antático". A morte dos 333 animais foi durante a terceira investida do projeto na região, o que eles chamam de "pesquisa de campo biológica".

O Japão diminuiu a quantidade de captura em dois terços com o programa e assumiu o compromisso de abater cerca de 330 baleias por ano.

Os dados do relatório enviado pelos caçadores apontam que, na caçada de 2017/2018, 122 fêmeas estavam grávidas e que 61 machos e 53 fêmeas ainda eram filhotes.

O Japão não esconde o fato de que a carne das baleias mortas pra sua "pesquisa científica" acaba sendo vendida para consumo
O Japão não esconde o fato de que a carne das baleias mortas pra sua "pesquisa científica" acaba sendo vendida para consumo
Foto: AFP / BBC News Brasil

Por que o Japão caça baleias?

Pelo Artigo 8º da IWC, assinada em 1946, países podem "matar, capturar e processar baleias para pesquisa científica" - e é essa a regra que o Japão diz seguir em suas caçadas.

Além das alegações de pesquisas, o governo japonês afirma que a caça à baleia é uma antiga tradição cultural do país.

Comunidadeiras costerias em Chiba e Ishinomaki praticam a caça na costa há anos, e os distritos de Taiji e Wakayama têm caças a golfinho anuais.

A carne de baleia já foi consumida em larga escala, mas hoje é uma raridade
A carne de baleia já foi consumida em larga escala, mas hoje é uma raridade
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As expedições japonesa de pesca na Antártida só começaram depois da Segunda Guerra Mundial, quando o país devastado dependia das baleias como principal fonte de carne.

Hoje em dia, embora a carne de baleia ainda seja vendida, está se tornando cada vez mais impopular, com um número bem menor de estabelecimentos que vendem esse tipo de alimento.

Quem mais caça baleias?

A IWC declarou uma suspensão da caça comercial de baleias em 1985, mas há muitos países que não seguem a regra.

Números da ONG WDC (Conservação de Baleias e Golfinhos) mostram que diversos países além do Japão ainda caçam baleias para o consumo da carne, entre eles a Noruega e a Islândia.

A Noruega rejeitou o acordo de suspensão da comissão e a Islândia aceitou em partes.

A Islândia é um dos países que ainda caçam baleias
A Islândia é um dos países que ainda caçam baleias
Foto: AFP/Getty / BBC News Brasil

A Groelândia, a Rússia e o Estados Unidos também promovem o que chamam de "caça à baleia de subsistência aborígene" para comunidades costeiras.

Mas o Japão é o único país que envia navios para a Antártida para capturar os animais, com a justificativa de que se trataria de pesquisa científica.

A caça está extinguindo as baleias da Antártida?

O Japão diz que está conduzindo sua pesquisa para mostrar que a população de baleias da Antártida é saudável e pode ser pescada de maneira sustentável.

A União Internacional para a Conservação da Natureza diz que não há informações suficientes para determinar se as baleias-mink austrais estão ameaçadas ou não.

Embora o número de animais da espécie seja claramente de "centenas de milhares", a entidade está investigando uma possível queda nos últimos 50 anos.

Dependendo de quão significativa for a queda, a espécie pode vir a ser classificada como ameaçada.

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