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Brasil vota pela 1ª vez contra condenação de embargo a Cuba

7 nov 2019 - 14h30
(atualizado às 16h37)
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O Brasil votou pela primeira vez com os Estados Unidos contra uma resolução anual da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que condena e pede o fim do embargo econômico norte-americano contra Cuba, nesta quinta-feira, enquanto Colômbia e Ucrânia se abstiveram.

A Assembleia Geral, de 193 membros, adotou a resolução por esmagadora maioria pelo 28º ano seguido, com 187 votos favoráveis. Israel também votou contra, e a Moldávia não votou. A votação da ONU tem peso político, mas somente o Congresso dos Estados Unidos pode revogar o embargo, que já dura mais de 50 anos.

Plenário da Assembleia Geral da ONU
27/09/2019
REUTERS/Brendan Mcdermid
Plenário da Assembleia Geral da ONU 27/09/2019 REUTERS/Brendan Mcdermid
Foto: Reuters

Na quarta-feira, a Reuters havia antecipado que o Brasil reverteria sua tradição diplomática e votaria contra a resolução, em um sinal de alinhamento do governo do presidente Jair Bolsonaro com o líder norte-americano, Donald Trump, mas contrariando interesses de empresas brasileiras.

A fabricante brasileira de cigarros Souza Cruz, pertencente à British American Tobacco, tem uma joint-venture em Havana que produz a maioria dos cigarros em Cuba. A abstenção da Colômbia resulta de um esfriamento de suas relações com Cuba.

Cuba chegou a sediar conversas de paz entre a Colômbia e seu grupo rebelde Exército de Libertação Nacional (ELN), mas a recusa de Havana em extraditar três comandantes guerrilheiros depois que as negociações fracassaram provocaram diversas críticas do governo do presidente Iván Duque.

A Colômbia se absteve de votar por causa da "atitude hostil" de Cuba em reação aos seus pedidos de extradição dos "terroristas confessos" e de seu apoio ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse seu Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

Os EUA vêm votando contra as resoluções da ONU de forma constante há 24 anos, mas se abstiveram pela primeira vez em 2016, no governo do ex-presidente Barack Obama, quando Washington e Havana forjaram um relacionamento mais estreito.

As relações se deterioraram agudamente no governo Trump, o que ressuscitou caracterizações de Cuba da Guerra Fria e provocou um endurecimento nas restrições ao comércio e às viagens que Obama havia afrouxado.

"Os Estados Unidos não são responsáveis pelos abusos sem fim do regime cubano contra seu povo", disse a embaixadora norte-americana na ONU, Kelly Craft, à Assembleia Geral antes da votação.

"Nossa primeira responsabilidade como líderes é defender aqueles sem voz, hoje em especial o povo de Cuba. Que sejamos cobertos de vergonha se nos recusarmos a levantar nossas vozes em defesa às deles", disse Craft.

No ano passado, os EUA propuseram oito emendas na resolução que pressiona Cuba a melhorar seu histórico de direitos humanos, mas todas as propostas fracassaram.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, rejeitou as críticas dos EUA ao histórico de direitos humanos de seu país, acusando Washington de manipular "os direitos humanos para objetivos políticos, e rejeitamos dois pesos e duas medidas".

"O governo dos EUA não tem a menor autoridade moral para criticar Cuba ou qualquer outro país quando se trata de direitos humanos", disse ele à Assembleia Geral da ONU, citando a crise de opiáceos, a violência das armas, a pobreza e o desemprego nos EUA.

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