Bombardeios israelenses desafiam cessar-fogo e sabotam avanço do Exército libanês no sul do país
O presidente do Líbano, Joseph Aoun, condenou na quinta-feira (6) os novos bombardeios realizados por Israel no sul do território libanês. Segundo o governo israelense, os alvos seriam instalações do Hezbollah — grupo armado xiita apoiado pelo Irã — acusado de tentar se rearmar após ter sido enfraquecido pela guerra de 2024.
O presidente do Líbano, Joseph Aoun, condenou na quinta-feira (6) os novos bombardeios realizados por Israel no sul do território libanês. Segundo o governo israelense, os alvos seriam instalações do Hezbollah — grupo armado xiita apoiado pelo Irã — acusado de tentar se rearmar após ter sido enfraquecido pela guerra de 2024.
Aoun afirmou que os ataques representam uma recusa explícita às tentativas de negociação por parte de Beirute. "Quanto mais o Líbano expressa abertura ao diálogo pacífico para resolver os impasses com Israel, mais Israel insiste em violar nossa soberania", declarou.
O Exército libanês também criticou os bombardeios, alegando que eles têm como objetivo impedir o avanço das tropas nacionais na região, conforme previsto no acordo de cessar-fogo que encerrou o conflito entre Hezbollah e Israel em novembro de 2024.
O Hezbollah, por sua vez, divulgou uma carta aberta ao povo e às autoridades libanesas, reafirmando que respeita o cessar-fogo, mas que mantém o "direito legítimo" de se defender diante da escalada de ataques israelenses. O grupo também reiterou sua oposição a qualquer negociação política direta com Israel.
Fontes próximas ao Hezbollah indicam que a carta foi publicada após visitas de emissários dos Estados Unidos e do Egito ao Líbano, que pressionaram o governo local a iniciar conversas diplomáticas com Tel Aviv. Os dois países seguem tecnicamente em estado de guerra.
No domingo anterior, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu acusou o Hezbollah de tentar se rearmar, enquanto o ministro da Defesa, Israel Katz, criticou o presidente Aoun por "postergar" o processo de desarmamento do grupo.
Atualmente, o único canal de comunicação entre Líbano e Israel é o mecanismo de monitoramento do cessar-fogo, que envolve também Estados Unidos, França e ONU. As reuniões ocorrem na sede das forças da ONU no sul do Líbano, mas sem diálogo direto entre as partes.
A ONU, por meio de seu porta-voz adjunto Farhan Haq, pediu novamente que ambos os lados respeitem o cessar-fogo e evitem ações que coloquem civis em risco. A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) alertou que os ataques recentes comprometem os avanços rumo a uma solução política.
"Selvagens"
Em Israel, a porta-voz do governo, Shosh Bedrosian, afirmou que o país continuará tomando medidas para garantir o cumprimento do cessar-fogo e proteger suas fronteiras. Já o Irã classificou os ataques como "selvagens" e pediu à ONU, à comunidade internacional e aos países da região que enfrentem o "belicismo israelense".
Os bombardeios desta quinta-feira atingiram quatro vilarejos (Aita al-Jabal, al-Taybeh, Tayr Debba e Zawtar El Charqiyeh), após o Exército israelense ordenar a evacuação de prédios civis. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, uma pessoa morreu e outra ficou ferida.
O plano de desarmamento do Hezbollah prevê que o Exército libanês conclua sua implantação no sul do país até o fim do ano, antes de avançar gradualmente para outras regiões. A ofensiva israelense, segundo autoridades libanesas, busca justamente impedir esse avanço e manter a instabilidade na fronteira.
Com AFP