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América Latina

Enviado dos EUA: Maduro parece determinado a ficar onde está

10 mar 2019 - 10h32
(atualizado às 12h17)
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Venezuela vive sua mais severa crise sob governo de Nicolás Maduro
Venezuela vive sua mais severa crise sob governo de Nicolás Maduro
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Não há sinais de que o presidente venezuelano Nicolás Maduro esteja aberto a negociações para acabar com o impasse político com o líder da oposição Juan Guaidó, disse o enviado de Washington à Venezuela.

Elliott Abrams, que serviu nas administrações de Ronald Reagan e George W. Bush, disse que qualquer solução negociada precisaria ser alcançada entre os venezuelanos, e que os Estados Unidos poderiam ajudar levantando ou facilitando as sanções norte-americanas e restrições de viagem uma vez que Maduro concordasse em sair.

Abrams, no entanto, minimizou qualquer possibilidade de que o presidente venezuelano estivesse pronto para falar sobre sua saída. "De tudo o que vimos, a tática de Maduro é ficar parado", disse Abrams em uma entrevista na sexta-feira.

Cerca de 56 países reconheceram Guaidó como o chefe de Estado interino da Venezuela, mas Maduro mantém o apoio da Rússia e da China, bem como o controle de instituições estatais, incluindo as forças armadas.

Abrams se encontrou com representantes russos nos EUA sobre o apoio de Moscou a Maduro. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse no início do mês, depois de um telefonema com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que Moscou estava pronta para participar de conversações bilaterais sobre a Venezuela.

"Os russos não estão felizes com Maduro por todas as razões óbvias", disse Abrams. "Em algumas conversas me disseram que deram conselhos a Maduro e ele não aceita."

"Eles continuam a apoiá-lo e não há indicação de que eu tenha visto que eles estão dizendo que é hora de acabar com isso", disse ele, acrescentando: "Pode chegar um ponto em que os russos cheguem a uma conclusão de que o regime é realmente irrecuperável ".

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Washington pediu aos bancos estrangeiros que garantam que os funcionários do governo de Maduro e da Venezuela não estejam escondendo ativos financeiros no exterior. John Bolton, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, na semana passada ameaçou impor sanções contra qualquer instituição financeira que ajudasse Maduro.

"Não vamos conseguir nenhuma cooperação dos bancos russos, mas acho que cada passo que damos dificulta que o regime roube dinheiro", disse Abrams.

Moscou tem 3,1 bilhões de dólares em dívidas soberanas da Venezuela e atuou como credor de última instância para Caracas, com o governo e a gigante do petróleo russa, a Rosneft, entregando à Venezuela pelo menos 17 bilhões de dólares em empréstimos e linhas de crédito desde 2006.

Abrams disse que ainda não falou com autoridades do governo chinês sobre o apoio de Pequim a Maduro, culpando os problemas de agendamento. "Nós vamos fazer isso", disse Abrams.

Referindo-se a Cuba, o enviado norte-americano descreveu a ilha como "um parasita que se alimenta da Venezuela há décadas", tomando seu petróleo enquanto oferece inteligência e outras proteções para Maduro.

"Há milhares de oficiais cubanos, e literalmente, fisicamente em torno dele. De certa forma, eles são os principais assessores de Maduro", disse Abrams sobre o papel de Havana.

Cuba tem sido um dos principais apoiadores do governo socialista venezuelano desde a Revolução Bolivariana que começou sob o ex-líder Hugo Chávez.

Cuba negou ter forças de segurança na Venezuela e disse que declarações como a de Abrams faziam parte de uma campanha de mentiras que visava abrir caminho para a intervenção militar norte-americana no país sul-americano.

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