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América Latina

SIP: América Latina registra 'pior semestre' em liberdade de imprensa

22 out 2013 - 00h50
(atualizado às 00h53)
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Com 14 jornalistas assassinados e vários países enfrentando medidas que restringem o acesso à informação, a América Latina passou por seu "pior semestre" em relação à liberdade de imprensa - informou a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), nesta segunda-feira.

Depois da divulgação dos relatórios sobre a liberdade de imprensa na Argentina, Equador, Venezuela e Cuba, entre outros, o presidente da SIP, Jaime Mantilla, fez um balanço de sua gestão. "Esses governos latino-americanos se dedicaram a desenvolver o ódio e o medo", afirmou.

O diretor do equatoriano Diario Hoy disse que "normas da lei da mordaça estão se espalhando" e pediu ao sindicato que as combata e fique vigilante sobre a perda de direitos que essas medidas representam para a sociedade.

As ameaças de vários governos da região que atentam contra a liberdade de expressão concentraram os debates da 69ª Assembleia Geral da SIP, que acontece até amanhã em Denver, no estado do Colorado. O congresso também lançou duras críticas ao governo do presidente Barack Obama.

"Quatorze jornalistas foram assassinados nesse último semestre no Brasil, Guatemala, Haiti e Paraguai, entre outros países, por denunciar os abusos do poder político e econômico, ou tocar os interesses dos traficantes de drogas - abusos e interesses que, muitas vezes, vão de mãos dadas", resumiu o diretor da SIP, Ricardo Trotti.

Para Trotti, "a violência é incentivada pelo alto grau de impunidade, produto de poderes judiciais fracos, ineficientes, ou subjugados pelo poder, o que permitiu que 17 casos de assassinatos de jornalistas prescrevesse na Colômbia e no México, depois de 20 anos sem justiça".

O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Claudio Paolillo, do semanário uruguaio "Búsqueda", disse que este foi "o pior semestre" nos últimos cinco anos para o jornalismo na região.

"Existe um plano de demolição das democracias para alavancar líderes messiânicos que queiram se perpetuar no poder", disse Paolillo, acrescentando que "se trata de líderes que mantêm aparências democráticas cada vez mais frágeis".

Os informes mais polêmicos foram os dos representantes de Cuba, Argentina, Venezuela, Equador e EUA. Editores dos EUA denunciaram restrições ao acesso à informação pública em casos, nos quais o governo veja alguma ameaça à segurança nacional.

"Não poder resolver a corrupção, a insegurança e a miséria é um problema que incomoda governos de todas as ideologias. Mas vários deles, em especial na Venezuela, no Equador, na Bolívia e na Argentina, preferem culpar os meios privados, os quais acusam de exercer oposição política", avaliou Trotti, referindo-se ao "discurso anti-imprensa" nesses países.

Para Trotti, se esses governos não acreditassem na mídia, "não estariam comprando esses veículos, por intermédio de testas-de-ferro, ou pessoas próximas, como acontece com Nicolás Maduro, (Rafael) Correa, Evo Morales e Cristina Kirchner, ou com familiares, como faz Daniel Ortega, na Nicarágua".

"O grave problema que os meios possuem é que eles são transformados em veículos de propaganda para apoiar atos políticos, mudanças constitucionais e processos eleitorais que lhes permitam se eternizar no poder", acrescentou o diretor da SIP.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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