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América Latina

Peru: oposição protocola pedido de impeachment de presidente

15 dez 2017 - 18h48
(atualizado às 18h55)
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Pedro Pablo Kuczynski
Pedro Pablo Kuczynski
Foto: Reuters

Parlamentares da oposição do Peru apresentaram nesta sexta-feira um pedido no Congresso para remover o presidente Pedro Pablo Kuczynski de seu cargo por "incapacidade moral", após a construtora brasileira Odebrecht revelar pagamentos milionários para empresas ligadas ao presidente.

O pedido de "vacância" foi assinado por parlamentares de diversos partidos políticos, que não ficaram convencidos quando Kuczynski negou ter recebido pagamentos indevidos da construtora, investigada por subornos, em uma mensagem televisionada na noite de quinta-feira na qual aparecia acompanhado por ministros.

"O que fica claro é que o Peru não pode continuar sendo comandado por um presidente que mente constantemente para seu povo", disse Daniel Salaverry, um dos porta-vozes do partido opositor Força Popular, que controla o Parlamento.

A vacância é uma ferramenta que o Congresso pode invocar por incapacidade moral e física do mandatário, entre outras causas.

O processo para remover o presidente pode ser realizado na próxima semana, disse em entrevista coletiva o presidente do Congresso, Luis Galarreta. Se a proposta for aceita -como é esperado- o presidente será convocado para se defender na próxima quinta-feira, segundo o parlamentar.

No mesmo dia o plenário pode debater e votar para aprovar ou rejeitar a vacância. A oposição tem os 87 assentos necessários para dar sinal verde à remoção do presidente.

Kuczynski havia oferecido para se reunir em 22 de dezembro com a comissão legislativa que investiga os casos de corrupção da Odebrecht para fornecer detalhes de sua relação com as consultorias que receberam dinheiro da empresa brasileira.

"Se for iniciado o processo de vacância, o presidente possui todo o direito de poder se aproximar do Congresso com seu advogado para exercer sua defesa", afirmou Salaverry.

Kuczynski, um ex-banqueiro de 79 anos que assumiu o governo no ano passado, disse em sua mensagem televisionada na quinta-feira que irá se submeter às investigações da Procuradoria e do Congresso e pediu para que o sigilo bancário seja suspenso.

A Odebrecht, acusada de corrupção em diversos países da América Latina, informou na semana passada ao Congresso peruano que pagou 4,8 milhões de dólares para duas consultorias vinculadas a Kuczynski, uma delas quando era funcionário do governo do ex-presidente Alejandro Toledo, entre 2001 e 2006.

Os mercados caíram nesta semana por causa da turbulência política, embora o presidente do Banco Central do Peru tenha dito nesta sexta-feira que o mau desempenho da bolsa e da moeda será temporário.

O equilíbrio de forças no Congresso não ajuda o conservador Kuczynski, que desde que assumiu, em meados de 2016, tem mantido uma relação ríspida com o Parlamento.

O partido de esquerda Frente Ampla, que apoiou Kuczynski em comícios, o socialdemocrata Apra, do ex-presidente Alan García, e o partido de direita Aliança pelo Progresso disseram apoiar uma vacância caso Kuczynski não renuncie por vontade própria.

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