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América Latina

'Fui torturado': oposição segue amordaçada enquanto Maduro celebra vitória na Venezuela

Nesta segunda-feira (28) completa-se um ano desde a controversa reeleição de Nicolás Maduro, que em 2024 se declarou vencedor sem divulgar os resultados oficiais. A eleição desencadeou uma onda de protestos na Venezuela, durante os quais cerca de 2.500 pessoas foram presas. A vitória eleitoral municipal anunciada hoje pelo presidente Nicolás Maduro, com 285 das 335 prefeituras sob controle do PSUV, reforça o domínio do governo sobre as instituições venezuelanas.

28 jul 2025 - 13h27
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Nesta segunda-feira (28) completa-se um ano desde a controversa reeleição de Nicolás Maduro, que em 2024 se declarou vencedor sem divulgar os resultados oficiais. A eleição desencadeou uma onda de protestos na Venezuela, durante os quais cerca de 2.500 pessoas foram presas. A vitória eleitoral municipal anunciada hoje pelo presidente Nicolás Maduro, com 285 das 335 prefeituras sob controle do PSUV, reforça o domínio do governo sobre as instituições venezuelanas.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro conversa com a imprensa logo após votar nas eleições municipais, realizadas em meio a tensões políticas e baixa participação popular, em 27 de julho de 2025.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro conversa com a imprensa logo após votar nas eleições municipais, realizadas em meio a tensões políticas e baixa participação popular, em 27 de julho de 2025.
Foto: AP - Cristian Hernandez / RFI

Com informações de Víctor Amaya, correspondente da RFI na Venezuela

"Vitória, vitória popular!", declarou Maduro, afirmando que "a democracia, a paz e a união do povo saíram vencedoras".

Mais de seis milhões de eleitores foram às urnas, anunciou o Conselho Nacional Eleitoral — acusado por críticos de ser alinhado ao governo — o que representa uma participação de cerca de 44%. 

Há exatamente um ano, em 28 de julho de 2024, Nicolás Maduro se autoproclamava presidente reeleito na Venezuela enquanto a oposição denunciava uma fraude eleitoral em larga escala. A alegação de um ataque cibernético foi amplamente contestada por especialistas na ocasião.

No período de um ano, Maduro garantiu a presidência, o controle total do Parlamento, 23 dos 24 governos estaduais e, agora, o poder municipal. O presidente venezuelano também pretende implementar uma reforma constitucional, embora poucos detalhes tenham sido divulgados até o momento. 

Nicolás Maduro chegou ao poder na Venezuela em março de 2013, após a morte de Hugo Chávez, líder da Revolução Bolivariana e presidente desde 1999. Chávez, já debilitado por um câncer, havia indicado Maduro como seu sucessor político antes de falecer. 

Transparência e repressão

A oposição, ausente das urnas nestas eleições municipais, denuncia falta de transparência e acusa o governo de controlar o processo eleitoral. Dos cerca de 2.500 manifestantes presos, os que foram libertados estão literalmente proibidos de falar sobre o que viveram. Hoje, mais de 800 seguem encarceradas por motivos políticos.

"Mão de ferro contra os terroristas, contra os manifestantes violentos, mas não vamos permitir que eles iniciem uma espiral de violência", declarou Maduro na ocasião.

Centenas de pessoas foram às ruas em protesto, derrubaram estátuas de Hugo Chávez, e 29 manifestantes morreram, vítimas de civis armados ou agentes do Estado — mortes que seguem sem investigação ou punição.

"Houve tortura"

Um dos detidos ficou preso por cinco meses, sem julgamento, e só foi liberado sob medidas judiciais que o impedem de falar abertamente. Ele não pode revelar sua identidade ao relatar o que passou.

"No dia 2 de agosto de 2024, invadiram minha casa sem mandado de busca ou de prisão e me levaram. Fiquei desaparecido. Passei por seis centros diferentes de detenção. Presenciei maus-tratos. Houve tortura. A violência, a intimidação e a perseguição aumentaram ainda mais", contou à RFI essa fonte anônima.

Os partidos de oposição estimam que 350 militantes foram detidos entre 2024 e 2025, e alertam que as prisões continuam.

Hoje, Nicolás Maduro permanece no poder com "mão de ferro". Edmundo González está exilado na Espanha, e a líder opositora María Corina Machado vive na clandestinidade há sete meses.

Uma ala dissidente de sua base lançou candidaturas nestas eleições municipais e conquistou 50 prefeituras, segundo declarações desta segunda-feira, feitas por Maduro, que considera essa vertente como "a nova oposição".

A oposição manteve três bastiões históricos do antichavismo, mas perdeu o controle da capital do estado petrolífero de Zulia, Maracaibo.

Críticas internacionais e trocas diplomáticas

Maduro deve participar de um evento nesta segunda-feira para celebrar o aniversário de sua presidência — que foi rejeitada pelos Estados Unidos e por mais de uma dúzia de países.

A comunidade internacional continua a rejeitar o governo Maduro. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou que o regime venezuelano é uma "organização narcoterrorista".

Apesar das tensões diplomáticas, dez cidadãos norte-americanos foram libertados este mês pela Venezuela em troca de dezenas de migrantes venezuelanos detidos em El Salvador, após terem sido deportados dos EUA.

(Com AFP)

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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