Afeganistão fica off-line com apagão digital
Afeganistão sofre apagão de internet após proibição do Talibã; descubra como a censura e as restrições impactam direitos das mulheres
No Afeganistão, serviços de internet e telefonia móvel ficaram completamente fora do ar em todo o território nacional em 30 de dezembro de 2024. O bloqueio geral surpreendeu a população, pois o governo Talibã não apresentou justificativas diretas para o apagão digital. Contudo, nos dias anteriores à interferência, autoridades do regime já demonstravam preocupação com a circulação de conteúdos considerados impróprios, especialmente pornografia, no ambiente online.
A ausência repentina de internet afetou de forma significativa o cotidiano dos habitantes. Muitos dependem dos serviços digitais para trabalhar, estudar ou se comunicar com familiares dentro e fora do país. Em diversas cidades, a falta de sinal interrompeu também transações bancárias, atividades comerciais e o funcionamento de aplicativos de transporte. O episódio marcou mais um capítulo das restrições impostas pelo Talibã desde sua volta ao poder em agosto de 2021.
Quais motivos o Talibã apresenta para o bloqueio da internet?
Aliás, embora não tenha divulgado um motivo oficial para a suspensão total dos serviços, o Talibã já havia anunciado anteriormente a limitação do acesso à internet em algumas províncias do norte, justificando tal ação como medida para impedir práticas consideradas imorais. O próprio grupo associou conteúdos digitais proibidos, como pornografia e jogos de azar, à necessidade de controlar o ambiente virtual do país.
Ainda em setembro, autoridades afegãs informaram que o bloqueio atingiria as províncias de Kunduz, Badakhshan, Baghlan, Takhar e Balkh, regiões de grande relevância para a economia local. Nessa ocasião, o Talibã afirmou que dados móveis para celulares seguiriam disponíveis, o que não ocorreu desta vez. Com a restrição nacional recente, nenhuma forma de conexão pôde ser utilizada livremente.
O que muda na vida dos afegãos com o apagão digital?
Dessa forma, o corte abrupto no acesso à internet alterou rotinas e gerou incertezas entre milhões de afegãos. Sem comunicação digital, serviços essenciais como bancos, imprensa e órgãos humanitários sofreram impacto imediato. Familiares residentes no exterior também perderam contato, dificultando o envio de recursos e informações importantes. Estudantes ficaram sem acesso a aulas remotas e materiais de pesquisa, agravando desafios já enfrentados pelo sistema educacional sob o controle do Talibã.
- Barreiras na comunicação: Impossibilita chamadas de vídeo, mensagens instantâneas e conectividade internacional.
- Impacto nos negócios: Empresas que dependem de plataformas digitais para realizar vendas ou atendimentos ficam paralisadas.
- Dificuldades para ajuda humanitária: Organizações não governamentais enfrentam obstáculos para operar, sobretudo em situações de emergência.
Como a censura e a restrição de direitos afetam o cotidiano?
Caso recente, o Talibã determinou a retirada de obras escritas por mulheres das bibliotecas universitárias, alegando cumprimento da lei Sharia. A medida veio acompanhada do cancelamento de cursos sobre democracia, direitos humanos e estudos de gênero, gerando críticas de entidades internacionais. A proibição do acesso à internet reforça o cenário de crescente controle sobre a informação e os direitos civis no país.
- Além do bloqueio digital, o Talibã restringiu o xadrez, associando o jogo a apostas e vícios.
- Mulheres continuam impedidas de frequentar a maior parte das escolas e universidades.
- Funcionárias de organizações humanitárias enfrentam limitação de trabalho, principalmente em áreas de saúde.
Inclusive, o panorama do Afeganistão em 2025 destaca um ambiente de forte vigilância e pouca abertura para manifestações culturais, acadêmicas e digitais. O controle sobre a internet e outros meios de comunicação limita o acesso à informação e afeta diretamente a liberdade individual dos cidadãos. Especialistas apontam que o bloqueio prejudica tanto o desenvolvimento econômico quanto o contato com a comunidade internacional, aprofundando o isolamento do país diante dos desafios atuais.