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A mensagem na garrafa encontrada em farol marítimo após 132 anos

Engenheiros ficaram chocados ao encontrar a mensagem bem no fundo da parede de um farol no sul da Escócia.

10 nov 2024 - 10h17
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A garrafa tem um fundo arredondado incomum e sua rolha estava presa por um arame enferrujado
A garrafa tem um fundo arredondado incomum e sua rolha estava presa por um arame enferrujado
Foto: Ross Russell / BBC News Brasil

Engenheiros encontraram uma garrafa com uma mensagem de 132 anos no fundo das paredes de um farol marítimo no sul da Escócia.

A garrafa foi encontrada dentro do Farol de Corsewall, no ponto mais ao norte da península de Rhins of Galloway.

Escrita com pena e tinta, a carta datada de 4 de setembro de 1892 revela os nomes de três engenheiros que instalaram um novo tipo de luz na torre de 30 metros.

Também tem os nomes dos três zeladores do farol.

A garrafa de 20 cm foi encontrada por Ross Russell, um engenheiro mecânico do Conselho de Faróis do Norte, durante uma inspeção.

Ele a encontrou depois de remover painéis de um armário. A equipe a recuperou usando uma engenhoca feita com uma corda e um cabo de vassoura.

Mas eles esperaram até que o guardião do farol, Barry Miller, chegasse antes de abri-lo.

"Meu Deus, como sou grato por eles terem feito isso", diz ele.

A garrafa tem uma base convexa incomum, o que impede que fique em pé, sendo feita de vidro grosso, cheio de pequenas bolhas de ar. Acredita-se que ela teria contido óleo em algum momento. O tampão de cortiça havia se expandido com o tempo, grudado no vidro, e o arame que o prendia havia enferrujado e se deteriorado.

O faroleiro de Corsewall, Barry Miller, disse que suas mãos tremiam quando ele abriu a garrafa
O faroleiro de Corsewall, Barry Miller, disse que suas mãos tremiam quando ele abriu a garrafa
Foto: Ross Russell / BBC News Brasil

Os homens tiveram que cortar a parte superior da rolha e furá-la com muito cuidado.

A nota inicialmente parecia grande demais para ser retirada pelo gargalo da garrafa, então eles criaram uma ferramenta usando dois pedaços de cabo para torcê-la pela abertura estreita.

Miller, de 77 anos, disse à BBC Escócia que suas mãos tremiam quando ele a abriu.

"Foi tão emocionante, foi como encontrar nossos colegas do passado. Foi realmente como se eles estivessem lá", diz ele.

"Foi como tocá-los. Como se eles fossem parte da nossa equipe. Em vez de apenas quatro de nós estarmos lá, estávamos todos lá compartilhando o que eles tinham escrito porque era tangível e era possível ver o estilo de sua caligrafia."

"Você sabia o que eles tinham feito. Sabia que eles a tinham escondido em um lugar onde não seria encontrada por muito, muito tempo."

O que diz a mensagem?

A mensagem encontrada no farol da Escócia é datada de 1892
A mensagem encontrada no farol da Escócia é datada de 1892
Foto: Ross Russell / BBC News Brasil

Estação de Luz e Sinal de Névoa de Corsewall, 4 de setembro de 1892.

Esta lanterna foi erguida por James Wells, engenheiro, John Westwood, carpinteiro, James Brodie, engenheiro, David Scott, operário, da empresa James Milne & Son Engineers, Milton House Works, Edimburgo, durante os meses de maio a setembro e reacendida na noite de quinta-feira, 15 de setembro de 1892.

Os seguintes eram os responsáveis pela estação neste momento: John Wilson, principal, John B Henderson, 1º assistente, John Lockhart, 2º assistente.

A lente e a máquina foram fornecidas por James Dove & Co Engineers, Greenside, Edimburgo, e montadas por William Burness, John Harrower e James Dods, engenheiros da empresa mencionada.

'Fiquei completamente maravilhado'

John Wilson (segundo da esquerda) é mencionado na carta. Ele está na foto ao lado de Robert Murray (direita), George Craig e um guardião desconhecido, que acredita-se estar de visita.
John Wilson (segundo da esquerda) é mencionado na carta. Ele está na foto ao lado de Robert Murray (direita), George Craig e um guardião desconhecido, que acredita-se estar de visita.
Foto: Jane Murray / BBC News Brasil

Ross Russell, que encontrou a garrafa com seus colegas Morgan Dennison e Neil Armstrong, diz que foi uma descoberta inacreditável.

"A nota foi simplesmente sensacional, fiquei completamente espantada", diz Ross.

"Ser a primeira pessoa a tocar na garrafa depois de 132 anos foi simplesmente alucinante."

"É uma descoberta única na vida."

Ross (à direita) encontrou a garrafa com seus colegas Morgan Dennison e Neil Armstrong antes de entregá-la ao guardião do Farol de Corsewall para abri-la
Ross (à direita) encontrou a garrafa com seus colegas Morgan Dennison e Neil Armstrong antes de entregá-la ao guardião do Farol de Corsewall para abri-la
Foto: Ross Russell / BBC News Brasil

Os engenheiros viajaram até o farol de 209 anos para um projeto de um ano, cujo objetivo era verificar o rolamento sobre o qual a lente de cinco toneladas gira.

Eles estavam tentando examinar sob o piso para ver se aquela seção seria capaz de sustentar a lente enquanto estivesse fora do rolamento, quando encontraram a garrafa.

Os homens que escreveram a nota em 1892 estiveram no farol para instalar um tipo diferente de lanterna e envidraçamento no topo da torre.

"Foi uma coincidência estranha encontrar a nota enquanto trabalhávamos no equipamento descrito na própria nota," disse Ross.

O engenheiro de 36 anos mencionou que eles planejam recolocar a nota e a garrafa no local onde foram encontradas, além de adicionar uma mensagem própria.

A garrafa e a nota estão atualmente armazenadas na sede do Northern Lighthouse Board, em Edimburgo.

Euan Murray é o tataraneto de Robert Murray, que trabalhou no Farol de Corsewall em 1892
Euan Murray é o tataraneto de Robert Murray, que trabalhou no Farol de Corsewall em 1892
Foto: Euan Murray / BBC News Brasil

Um descendente de um dos faroleiros diz que ficou encantado com a descoberta.

Euan Murray, que cresceu a 16 km do farol em Stranraer, é o tataraneto de Robert Murray, que trabalhou ao lado de John Wilson em Corsewall.

"Eu acho muito interessante ver um pouco da história da família surgir do nada assim", diz ele.

O homem de 32 anos acrescentou: "É incrível pensar que o trabalho que eles fizeram naquela época ainda é completamente relevante hoje, mesmo na era da navegação por satélite."

O engenheiro chefe da Marinha Real diz: "Os navios ainda usam esses faróis para navegação segura diariamente."

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