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A macabra pilha de ossos humanos descoberta em caverna na Arábia Saudita

Segundo arqueológos, são centenas de milhares de ossos que pertencem a pelo menos 14 tipos de animais e até humanos; eles teriam sido estocados provavelmente por hienas nos últimos 7 mil anos.

15 out 2021 - 06h00
(atualizado às 07h25)
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Segundo arqueológos, são centenas de milhares de ossos que pertencem a pelo menos 14 tipos de animais e até humanos
Segundo arqueológos, são centenas de milhares de ossos que pertencem a pelo menos 14 tipos de animais e até humanos
Foto: Archaeological and Anthropological Sciences / BBC News Brasil

Uma enorme pilha de ossos de animais, provavelmente acumulados por hienas nos últimos 7 mil anos, foi descoberta por arqueólogos no noroeste da Arábia Saudita.

São centenas de milhares deles, que pertencem a pelo menos 14 tipos de animais, incluindo gado, caprídeos, cavalos, camelos, roedores, e até humanos.

Os ossos foram encontrados em Umm Jirsan, uma extensa rede de túneis formados por atividades vulcânicas.

As descobertas dos pesquisadores foram publicadas recentemente na revista científica Archaeological and Anthropological Sciences.

Segundo o autor principal do estudo, Mathew Stewart, zooarqueológo do Instituto Max Plank para a Ciência da História Humana, na Alemanha, o envolvimento das hienas foi constatado a partir da análise de cortes, mordidas e marcas de digestão dos ossos.

"A hiena-riscada (Hyaena hyaena, também conhecida como hiena-raiada ou hiena-listrada) é um acumulador de ossos muito ávido", disse Stewart ao site Gizmodo.

Os pesquisadores vinham investigando a área, no campo de lava Harrat Khaybar, na Arábia Saudita, desde 2007, mas só se aventuraram nas profundezas da caverna há alguns meses.

Para o estudo, a equipe analisou 1.917 ossos e dentes recuperados do local. E chegou à conclusão de que tinham entre 439 e 6.839 anos, uma clara indicação de que esses animais vêm usando a rede de túneis subterrâneos há muito tempo. Para isso, usou um pequeno número dessas amostras a partir de um processo conhecido como datação por carbono.

Hienas são animais conhecidos por transportarem ossos para suas tocas, para ser consumidos, armazenados ou alimentar os filhotes.

Segundo o estudo, esses mamíferos são tanto caçadores quanto carniceiros, ou seja, matam alguns animais enquanto acumulam restos mortais de outros.

Um sinal de que as hienas estavam por trás da enorme pilha de ossos foi a presença de fragmentos de crânio humano. Os mamíferos são famosos por vasculhar túmulos em busca de comida.

"É sempre a calota craniana (calvária) que sobrevive", disse Stewart ao Gizmodo.

Ossos acumulados por hienas
Ossos acumulados por hienas
Foto: Archaeological and Anthropological Sciences / BBC News Brasil
Ossos acumulados por hienas
Ossos acumulados por hienas
Foto: Archaeological and Anthropological Sciences / BBC News Brasil

"(As hienas) parecem não estar realmente interessadas em calotas cranianas. Encontramos talvez cinco ou seis calotas cranianas com marcas de mordidas, mas apenas as calotas. Nada mais", acrescentou ele.

Hienas solitárias normalmente comem animais mortos. Mas as matilhas preferem caçar, visando presas como antílopes, lebres, roedores e pássaros.

Umm Jirsan está longe de ser o único exemplo de hienas estocando enormes conjuntos de ossos.

A caverna Srbsko Chlum-Komin na República Tcheca contém mais de 3,5 mil ossos bem preservados de grandes mamíferos coletados pelos carnívoros.

O novo estudo ocorreu como parte do Projeto Paleodesertos, que busca rastrear a migração humana e animal pela Península Arábica. O clima severo da Arábia Saudita torna essa tarefa difícil: as altas temperaturas podem quebrar os ossos, e alguns realmente se desintegram quando tocados.

"O mais surpreendente é quão bem preservado está o material, e quanto material existe, visto que na Arábia Saudita não temos restos de animais, na verdade", disse Stewart ao Gizmodo.

No Twitter, o pesquisador escreveu que "Umm Jirsan (e outros locais semelhantes na região) provavelmente contém informações valiosas sobre as ecologias e os ambientes do Holoceno na Arábia. Este estudo é apenas a ponta do iceberg."

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