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Morre Raphael Martinelli, militante pela memória dos atos da ditadura

Ex-sindicalista representante dos ferroviários, foi cassado pelo AI-1 e torturado pelo DOI

16 fev 2020 - 22h34
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Morreu neste domingo, 16, aos 95 anos, o líder sindical e militante pela preservação da memória da ditadura militar Raphael Martinelli, um dos fundadores do Núcleo de Preservação da Memória Política. Ele tinha câncer.

Martinelli ingressou na vida sindical a partir da década de 1950, enquanto empregado da São Paulo Railway. Chegou a presidir a Federação Nacional dos Ferroviários entre 1959 e 1961 e foi membro também do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). Na entidade, dialogava com o presidente João Goulart.

Em 1964, ano do golpe militar, entrou na lista dos primeiros 100 políticos, sindicalistas e militares cassados pelo Ato Institucional 1 (AI-1). Seu nome ocupava a trigésima sexta posição na lista. Filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), pelo qual foi candidato a deputado federal em 1958, militava no clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Em 1967, ele deixou o PCB para fundar, com Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira, a Aliança Libertadora Nacional (ALN), grupo que combateu a ditadura por meio da luta armada. Foi preso pelo Destacamento de Operações de Informações (DOI), do II Exército, órgão encarregado da repressão política. Ele ficou preso por três anos e sofreu tortura.

Já nos anos 1980, com o processo de redemocratização, Martinelli participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Nos anos seguintes, passou a atuar pela preservação da memória sobre os fatos ocorridos durante a ditadura. Presidiu o Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, entidade que ajudou a fundar em 2001. Já em 2009, também participou da fundação do Núcleo de Preservação da Memória Política.

Seu trabalho ajudou na criação do Memorial da Resistência, museu que preserva a história daquele período do País, que está instalado na antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), de São Paulo, na Luz. Deixou três filhos e netos.

Estadão
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