O megainvestidor George Soros foi o principal alvo no debate via teleconferência entre o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, realizado no domingo. Soros foi chamado de "monstro" pela presidente da organização argentina das Mães da Praça de Maio, Hebe Bonafini, que participou da teleconferência desde Porto Alegre, acompanhada de outras personalidades como Oded Grajew, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial.
A maioria das perguntas dos participantes de Porto Alegre foi feita a Soros.
"Você sabe quantas crianças morrem por dia por causa desse sistema econômico? Vocês são nossos inimigos, vocês são monstros", disse Bonafini, que também reclamou do fato do investidor estar sorrindo enquanto ela falava.
"Estou sorrindo porque é a única coisa que posso fazer. Estou querendo ter um diálogo com vocês, mas vocês, não", respondeu Soros.
Bernard Cassen, presidente da organização Attac e diretor do Le Monde Diplomatique, que também participou da teleconferência, pediu aos que estavam em Davos que organizassem um abaixo-assinado com três propostas: cancelamento da dívida externa dos países pobres, implementação da taxa Tobin (imposto sobre as transações do mercado financeiro internacionais) e o fim dos paraísos fiscais. Ao seu apelo, Soros respondeu: "Certamente não vamos coletar muitas assinaturas. Vejo que vocês estão com raiva, mas a raiva pode ser um conselheiro muito ruim."
A Organização das Nações Unidas (ONU), que contava com dois representantes em Davos, também foi atacada pelos participantes em Porto Alegre por estar representada em Davos e não no Rio Grande do Sul. "Isso é uma prostituição tremenda das Nações Unidas", disse o filipino Walden Bello, professor de sociologia da Universidade das Filipinas e co-diretor da organização Focus on Global South. "Davos já existe a 30 anos e a pobreza aumentou."
A teleconferência durou uma hora e meia, mas começou com uma hora de atraso. Os participantes do Fórum Social Mundial assistiram ao diálogo em telões em Porto Alegre.
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