A teleconferência entre Davos e Porto Alegre durou pouco mais de uma hora e revelou a distância e dificuldade de diálogo entre as duas visões de mundo. Os conferencistas de Porto Alegre chegaram a convidar os interlocutores na Suíça, entre eles George Soros, para visitar o evento da capital gaúcha. Soros disse que até hoje não havia sido convidado, mas que agora não sentia vontade de viajar até a cidade. Um dos representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), John Ruggie, tentou amenizar a tensão entre os conferencistas de lado a lado sugerindo um pacto global. O líder filipino, Walden Bello, que esteve em Davos na edição de 2000, criticou o fato de integrantes de empresas privadas estarem representando a ONU em Davos. "É uma prostituição tremenda da ONU", lamentou Bello. A liderança filipina propôs o fim do Fórum Econômico Mundial. Bello argumenta que desde o surgimento da instituição, nos anos 70, a pobreza, as desigualdades e desequilíbrios ambientais só aumentaram. "É uma instituição jurássica e precisa de um enterro solene." Os participantes da teleconferência em Davos reagiram fortemente à sugestão. Walden Bello foi acusado de querer destruir quem tem pela frente. Ruggie recordou que o filipino disse, na sua participação no Fórum Econômico Mundial, que valia a pena discutir com Davos. "Você está entrando em contradição. A ONU busca soluções. Não somos os campeões do capitalismo", devolveu Ruggie.
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