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A mensagem de Kofi Annan para o Fórum Social

Segunda, 04 de fevereiro de 2002, 15h57


A mensagem envida pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, para o 2º Fórum Social Mundial prega o diálogo entre sociedade civil internacional, governos e a iniciativa privada. O texto foi apresentado hoje em Porto Alegre pelo enviado da ONU, o secretário-executivo do Comitê de Economia para a América Latina, José Antônio.

Confira a íntegra da mensagem:
Eu desejaria estar com vocês pessoalmente, hoje. A enorme abrangência de assuntos que vocês têm discutido no Fórum Social Mundial e suas oficinas, assim como a variedade e número de grupos representantes da sociedade civil é verdadeiramente impressionante. O seu é o tipo de compromisso que as Nações Unidas confiam que seja tão eficaz e obtenha tanta repercussão quanto possível, a serviço do povo o qual o Fórum representa.

Eu sei que vocês se reuniram para exprimir profundas preocupações e convicções sobre a direção na qual a globalização está levando nosso mundo, e sobre o que nós devemos fazer para reparar isso, embora eu compartilhe com algumas, e com outras não. Mas qualquer que seja o caso, eu respeito e compartilho sinceramente seu compromisso para melhorar as vidas dos homens e mulheres deste planeta. Na verdade, se há um lema que as Nações Unidas devem seguir no século 21, este é colocar as pessoas no centro de tudo o que fazemos.

Quando me dirigir ao Fórum Econômico Mundial em Nova York mais tarde hoje, o farei porque acredito que os participantes daquele encontro deveriam ouvir algumas das preocupações que vocês e eu realmente temos em comum. Lembrarei a eles que estão compartilhando este pequeno planeta com muito mais do que um bilhão de pessoas às quais são negadas as necessidades mínimas da dignidade humana, e com quatro ou cinco bilhões cujas escolhas na vida são muito estreitas quando comparadas com as suas.

Na verdade, nosso planeta parece, para um número cada vez maior de pessoas, como um barquinho arrastado por um temporal enfurecido, através de águas desconhecidas, com cada vez mais pessoas aglomerando-se a bordo, tentando desesperadamente sobreviver. Nenhum de nós pode ignorar a condição de nossos companheiros de viagem neste barquinho. Se estão doentes, todos nós corremos o risco de infecção. Se estão famintos, todos nós estamos sujeitos a ser feridos.

Não é suficiente dizer – embora seja verdade – que sem a iniciativa privada os pobres não teriam nenhuma chance de escapar de sua pobreza. Um número muito grande deles não tem na verdade nenhuma esperança. Aqueles que têm o poder e os meios, governos e iniciativa privada, precisam demonstrar que a economia, propriamente aplicada, e os lucros, investidos sabiamente, podem trazer benefícios sociais ao alcance, não somente dos poucos, mas também dos muitos, e eventualmente de todos.

Mas ao mesmo tempo, vocês, como sociedade civil, precisam demonstrar que estão prontos a trabalhar em parceria para a mudança, ao invés de permanecerem afastados e indiferentes, através de políticas de confrontação. Não podemos nos dar ao luxo de esperar por governança perfeita, ou nos demorarmos em acusações e discussões infindáveis. Os desafios que temos em mãos são urgentes demais. Vocês terão que trabalhar com governos e iniciativa privada. O futuro está em encontrarmos juntos soluções construtivas.

Em primeiro lugar, um teste vital já virá no próximo mês, com a Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento em Monterrey. Isto nos oferece a melhor oportunidade que já tivemos em muitos anos para liberar os recursos financeiros que são tão desesperadamente necessários.

Cabe essencialmente aos governos do mundo fazer com que isto aconteça. A Conferência precisa ajudar os países em desenvolvimento a mobilizar seus recursos domésticos e atrair investimento privado internacional. Deveria haver uma concordância para concluir uma convenção internacional abrangente contra a corrupção, providenciando, por exemplo, a repatriação de fundos ilicitamente transferidos.

No mundo dos negócios, há um compromisso de parte do mundo desenvolvido para abrir seus mercados completamente e genuinamente aos produtos dos países em desenvolvimentoe, a par disso, removem subsídios injustos para seus próprios produtores. Ao mesmo tempo, muitos dos países mais pobres recebem ajuda substancial para desenvolver sua infraestrtutura e capacidades a fim de beneficiar-se das portunidades de comércio. E, se quisermos atingir as metas de desenvolvimento do Milênio – incluindo-se a redução pela metade da pobreza extrema no mundo até 2015, tarefa à qual todos os governos do mundo têm-se dedicado – precisamos ainda $50 bilhões extras em auxílio oficial ao desenvolvimento cada ano.

Como direi ao Fórum Econômico Mundial, estas questões não podem mais ser decididas em conclaves privados entre os ricos e poderosos. Os países em desenvolvimento correm um risco tão grande quanto os outros no futuro da economia mundial. Seus pontos de vista deveriam contar quando as decisões que afetam essa economia são tomadas. A Conferência de Monterrey deveria ser a ocasião para aqueles que atualmente exercem a influência maior, demonstrar que estão levando este assunto a sério.

Outro teste vital será a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Johannesburg em setembro – uma oportunidade para retomar a discussão para a construção de um futuro mais sustentável. A Cúpula precisa reunir o mundo e forjar parcerias globais mais coesas para a implementação da Agenda 21. Precisa também enviar uma mensagem dizendo que desenvolvimento sustentável não é uma necessidade apenas, mas também uma excepcional oportunidade para pôr nossas economias e sociedades sobre bases mais duráveis.

Para todas estas mudanças, as Nações Unidos dependerão cada vez mais do engajamento construtivo da sociedade civil. Nossa habilidade para melhorar as vidas dos homems e mulheres deste planeta dependerá da habilidade de todos os setores da sociedade que se movem além da ideologia, e trabalhar juntos em busca de soluções pragmáticas. Nessa missão, espero poder contar com vocês. As Nações Unidas realmente esperam uma parceria cada vez mais forte com vocês nos meses e anos vindouros. Muito obrigado a todos!

Leia mais:
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Redação Terra

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