Kenner leva o streetwear brasileiro às ruas de Paris e expande presença global
Kenner ocupa espaço na Galeries Lafayette durante a Paris Fashion Week e reforça sua conexão com a cena urbana francesa sem abrir mão da identidade original
Paris tem o dom de transformar qualquer marca em discurso de moda, mas quando essa marca já nasce carregando propósito, identidade e um design autoral, a cidade apenas amplifica o que já estava pronto para o mundo. A Kenner, marca brasileira de sandálias com DNA urbano e ousado, chega à Galeries Lafayette, um dos templos do consumo de luxo da capital francesa, com tudo isso na bagagem. Não como uma marca exótica vinda do Brasil, mas como uma marca global que sabe quem é e o que quer.
A Kenner ocupou um espaço exclusivo no primeiro andar da tradicional loja de departamentos, dos dias 26 a 29 de julho, em plena temporada da Paris Fashion Week, e escolheu celebrar esse passo com um jantar seguido de after party ao lado da plataforma Views France, reunindo convidados brasileiros e franceses. A operação, que também inclui vendas online e presença recente em Marselha via Corner Street (uma das principais boutiques de streetwear da cidade), mostra que o movimento não é um passeio turístico, e sim um plano de longo prazo.
Mas talvez o mais interessante disso tudo seja o que está por trás desse avanço. Não foi uma estratégia comercial impulsionada por agência ou uma tentativa de surfar no hype. A Kenner não se molda a tendências, ela firma território. E isso ficou claro em conversa com Laura Leal, CMO da marca, que deixa evidente o compromisso com qualidade, verdade e consistência.
"Os primeiros atributos da Kenner são design, inovação e conforto, não o fato de ser carioca. É uma marca com apelo global. A robustez e a durabilidade estão ancoradas na gente, nascemos no morro, somos da contracultura. O nosso fundador queria fazer o chinelo mais confortável, isso nasceu de uma ideia real, não de um conceito de marketing", afirma Laura.
Caminho francês já vinha sendo traçado
A marca, que desde o ano passado vem estreitando laços com a cena urbana francesa por meio de inserções locais e do coletivo Je M'appelle Brasil (especializado em streetwear e cultura urbana), já havia feito barulho em 2023 com ativações durante a fashion week e até um show do rapper FBC, autor do hit "De Kenner", que tem parceria com a marca. De lá para cá, manteve a presença com um showroom fixo no Talk Studio Paris, e agora expande esse território com força.
Segundo Laura, a entrada na Europa é consequência de um movimento natural que vem sendo construído há anos e que encontrou eco real no cenário francês. "Não criamos conceito, abraçamos a verdade da marca. Existe uma conexão Brasil-França que é real, não imaginária ou fabricada. Nós brasileiros ganhamos em criatividade em Cannes, andamos na Champs-Élysées, e como marca a Kenner tem uma interação importante com o consumidor que busca novidade e está aberto ao novo", diz ela.
Hoje, são quatro versões da sandália Rakka disponíveis no mercado francês: Siren, Mezkla, Slide Pro e Candy. Todas carregam a proposta de unir conforto com tecnologia, além de design arrojado que escapa do óbvio e mira consumidores que buscam peças de expressão, com intenção e personalidade.
O posicionamento é claro: a Kenner não está interessada em volume pelo volume. "Estamos buscando pontos de venda com mais curadoria. O nosso espaço é o do produto premium, de qualidade, não existe discussão de barateamento para atingir metas. Hoje existe consumidor disposto a pagar por qualidade e por um produto que se destaca no meio", reforça Laura.
É uma lógica que pode até parecer contraintuitiva no cenário atual, onde tantas marcas tentam se adequar ao algoritmo. Mas talvez esteja aí o maior trunfo da Kenner: não seguir o fluxo, e sim criar o seu próprio. "A Kenner é um chinelo de sair, de se expressar, de mostrar quem você é. Não é o mais do mesmo. É feito para quem compra com intenção", resume.
A empresa, que existe desde 1988, mantém uma cadeia de produção sólida, com fornecedores antigos e uma cultura organizacional conectada à execução impecável e à escuta ativa com seus clientes. "Temos uma disciplina de execução, investimos em artistas, em cultura, e fazemos tudo internamente. Não seguimos a lógica da influência apenas, nossas associações são feitas com conversa, com relacionamento. Quando o L7nnon está com a gente, parece que ele só está sendo ele mesmo. E é exatamente isso que a gente quer mostrar", conclui Laura.