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Entenda o caso do militar preso na Espanha por transportar cocaína em avião da FAB

Sargento do Grupo de Transportes Especiais da FAB integrava comitiva de apoio à viagem presidencial ao Japão para a reunião do G-20

26 jun 2019 - 17h11
(atualizado às 17h18)
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O Ministério da Defesa informou nesta terça-feira, 26, que um sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) foi preso no aeroporto de Sevilha, na Espanha, por suspeita de envolvimento em transporte de drogas.

O militar fazia parte da comitiva de 21 militares que acompanha a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Tóquio, no Japão, onde participará da reunião do G-20. O avião em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial e, portanto, a comitiva da qual o sargento fazia parte não estava no mesmo avião que transportava Bolsonaro e que decolou na noite desta terça-feira, 25, de Brasília.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta, 26, que essa comitiva voltaria no mesmo avião que o presidente. "O que acontece quando tem essas viagens, vai uma tripulação que fica no meio do caminho, então, quando o presidente voltasse do Japão, essa tripulação iria embarcar no avião dele. Então seria Sevilha-Brasil", explicou.

No entanto, a comunicação da Presidência afirmou em nota que o militar "não estaria na Comitiva Presidencial". "O militar não trabalha na Presidência da República e não estaria na Comitiva Presidencial. Ele pertence ao Grupo de Transportes Especiais da Força Aérea Brasileira e exerce função de comissário de bordo", informa a nota.

O que se sabe até agora sobre o caso do sargento da FAB preso

A Guarda Civil espanhola informou que foram encontrados 39 kg de cocaína com o sargento, escondidos numa maleta e divididos em pacotes. O militar ficou detido no prédio da Guarda Civil, enquanto que os demais passageiros do avião seguiram a viagem para Tóquio. Até agora, o que se sabe é que o sargento tem 38 anos, é casado e tem nas iniciais do nome as letras M.R.S.

O militar foi detido durante uma averiguação aduaneira de rotina no aeroporto de Sevilha, no sul da Espanha. A aeronave da FAB que transportava o militar, um Embraer 190, fazia uma escala na cidade espanhola, de onde seguiria para o Japão.

Segundo o jornal espanhol El País, ao abrir a mala de mão do passageiro, os agentes encontraram 37 tabletes de pouco mais de um quilo cada. De acordo com fontes ouvidas pelo El País, a droga não estavam sequer escondida no meio das roupas. Ainda segundo o jornal, um Tribunal de Instrução de Sevilha ordenou nesta quarta-feira a prisão provisória do militar, sem a possibilidade de fiança. A princípio, ele está sendo investigado por suposto crime contra a saúde pública, como o Código Penal espanhol descreve o delito.

O Estado apurou que depois de feitas as inspeções em todas as bagagens em Sevilha e verificado que o problema era localizado, os militares que assumiram o trabalho técnico nos aviões presidencial e reserva, em Lisboa, foram liberados.

As reações do governo

Em nota, o Ministério da Defesa afirmou que os fatos estão sendo apurados e que foi determinada a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM). No comunicado, o ministério e o Alto Comando da Aeronáutica afirmam que repudiam atos dessa natureza e que "darão prioridade para a elucidação do caso, aplicação dos regulamentos cabíveis, bem como colaboram com as autoridades".

Na noite de terça-feira, 26, a rota do voo de Bolsonaro foi alterada. O avião decolaria de Brasília e faria uma escala em Sevilha, antes de seguir para o Japão. Com a mudança, a escala passou a ser em Lisboa. O governo não explicou se a mudança tem relação com a prisão do militar.

Em sua conta no Twitter, Bolsonaro publicou uma nota em que afirma que pediu ao ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, a "imediata colaboração com a Polícia Espanhola na pronta elucidação dos fatos, cooperando em todas as fases da investigação, bem como instauração de inquérito policial militar". O presidente também ressaltou que, caso seja comprovado o envolvimento do militar no crime, ele será "julgado e condenado na forma da lei".

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que "as Forças Armadas não estão imunes a esse flagelo da droga". Mourão também disse que o militar deverá ser julgado por tráfico internacional de drogas e terá uma punição "bem pesada". O vice classificou o sargento como "uma mula qualificada" e explicou que a comitiva da qual fazia parte o militar deve voltar no mesmo avião do presidente.

Senado

Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Weverton Rocha (PDT-MA) apresentaram nesta quarta-feira requerimento para convidar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre o caso.

Reincidência

A prisão de um militar brasileiro por tráfico de drogas não é fato inédito. Em abril de 2019 um comandante da FAB foi expulso da corporação pelo Tribunal Superior Militar devido ao transporte de 33 quilos de cocaína em um avião militar com destino à França e com escala nas Ilhas Canárias. O caso ocorreu em 1999 e outros dois colegas do comandante também perderam suas patentes pela participação no crime. Além da expulsão da FAB, o comandante também foi condenado a 16 anos de prisão por integrar uma rede especializada no tráfico internacional de cocaína.

Estadão
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